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Benfica emite nota desmentindo declarações de Jorge Jesus

Clube de Lisboa garantiu que técnico não pediu para sair, nem abriu mão da multa de 10 milhões de euros a que teria direito com demissão

As recentes entrevista nas quais Jorge Jesus admitiu que deseja retornar ao Flamengo e ainda estabeleceu um prazo (dia 20) para receber um convite para o lugar ocupado pelo compatriota Paulo Sousa, segue causando repercussão. Nesta sexta-feira, 6, o Benfica desmentiu que o “Mister” teria entregado o cargo no clube de Lisboa para facilitar seu retorno ao Rio e que teria aberto mão do pagamento de sua multa rescisória. 

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“O Sport Lisboa e Benfica esclarece que em nenhum momento Jorge Jesus solicitou que o deixassem sair do Clube ou se mostrou disponível para abdicar das remunerações a que teria direito até ao final da temporada. Mais se enfatiza, de novo, que as duas partes entenderam que a rescisão por mútuo acordo era a melhor solução na defesa dos interesses do Sport Lisboa e Benfica, ficando igualmente acordado que a contratação de Jorge Jesus por parte de um novo clube implicaria a cessação de todas as obrigações contratuais que ligam as partes até ao final da atual época desportiva.”, escreveu o clube, em nota.

Em entrevista ao SporTV, divulgada na quinta-feira, 5, Jorge Jesus deu sua versão sobre sua demissão do Benfica, em dezembro do ano passado. Na época, o clube e Lisboa atravessava uma crise, enquanto o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, e o diretor-executivo Bruno Spindel, estavam na Europa trabalhando por seu retorno.

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“Quando eu saio, sou eu que peço para sair. Tive um problema com um jogador (Pizzi). Eu nem estava no jogo. Contra o Porto, depois do jogo, houve um jogador que fez alguns comentários. Meus adjuntos contaram. Juntei tudo que estava a passar. Eu tinha uma boa relação e um grande ambiente com a equipe no Benfica. Essas questões do presidente (anterior), xingarem quando a gente ganha, o Flamengo. Naquele momento eu disse: “não, chegou, vou embora”.

Em outra entrevista, ao blog do jornalista Renato Mauricio Prado no portal Uol, Jesus ainda negou que Braz e Spindel tenham lhe feito uma proposta oficial durante a visita á Europa que acabou definindo Sousa, então técnico da seleção polonesa, como substituto de Renato Gaúcho no Flamengo. “A conversa foi superficial e em momento algum me fizeram um convite ou, ao menos, me perguntaram se eu queria voltar. E aquele era um momento difícil, pois se eu pedisse demissão do Benfica, teria que pagar uma multa de 10 milhões de euros”, contou.

“Por isso, tinha sugerido que só viajassem para Portugal em final de janeiro, quando a situação seria mais fácil para negociar. Mas quiseram ir em dezembro e a sensação que tenho é que, quando me visitaram, já tinham tomado a decisão de contratar o Paulo Sousa. Foram apenas cumprir uma obrigação social comigo. Braz e Spindel não me convidaram para voltar em dezembro.”

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Jesus conquistou pelo Flamengo o Brasileirão e a Libertadores de 2019, além do Estadual, da Recopa Sul-Americana e da Supercopa do Brasil de 2020, antes de trocar o clube pelo Benfica pouco depois de renovar seu contrato. Ao Uol, Jesus disse que a pandemia de Covid-19 pesou em sua decisão.

“Foi algo absolutamente inesperado e devastador. Fiquei completamente só. Um funcionário deixava a comida na soleira da porta do meu apartamento e saía correndo. Parecia que eu estava vivendo num leprosário. Era muito difícil. Por isso, quando surgiu o convite do presidente do Benfica, um velho amigo, aquela me pareceu a melhor opção. Inclusive para voltar a viver perto da minha família.”

Empresário de Paulo Sousa detona Jesus

Paulo Sousa e a diretoria do Flamengo ainda não se pronunciaram sobre as declarações de Jesus, mas Hugo Cajuda, o empresário do atual treinador do Flamengo, emitiu uma longa nota na qual criticou duramente o que chamou de falta de ética “É um ataque nunca antes visto a colegas de profissão e compatriotas, mas mais do que isso, é um ataque à classe dos treinadores profissionais de futebol, um ataque à ética e à dignidade.” Confira, abaixo, a nota na íntegra:

“A (falta de) vergonha sai à rua

Sem surpresa assistimos a mais um momento deplorável, de alguém que só estando perturbado e desesperado pode revelar tamanha falta de ética, falta de respeito e falta de profissionalismo. Apesar do seu largo histórico, a referida pessoa consegue subir muitos patamares em mais um episódio vergonhoso.

Esta é a continuidade do “eu” sempre a sobrepor-se ao “nós”, do uso da pandemia, um tema tão grave, para justificar desastres, como o que aconteceu no Benfica, ou como justificativa para abandonar o Flamengo poucos dias após renovar e num momento delicado para o clube. As explicações e as desculpas deveriam ser dadas aos benfiquistas por terem visto ser gastos 150 milhões de euros para conquistarem zero títulos.

A referida pessoa revela total ausência de sentimentos para com a instituição Flamengo, ao contrário do que apregoa, porque a tentativa de desestabilizar um clube “amigo” desta forma é inaceitável.

É um ataque nunca antes visto a colegas de profissão e compatriotas, mas mais do que isso, é um ataque à classe dos treinadores profissionais de futebol, um ataque à ética e à dignidade.

Agradecemos os muitos contatos de treinadores e outros profissionais do mundo do futebol, em especial dos que trabalham no Brasil e que nos têm procurado para manifestar o seu total repúdio para com esta situação com a qual não concordam.

Deveria ser uma obrigação pessoas com esta notoriedade terem comportamentos exemplares, passando mensagens positivas ao mundo, em vez daquilo a que estamos a assistir.

Hugo Cajuda”

 

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