Autoridades japonesas já admitem cancelamento da Olimpíada de Tóquio
Vozes importantes do país asiático dizem que, caso a pandemia não esteja controlada até o final do ano, não há sentido em fazer nova remarcação dos Jogos
Sem um prazo certo para o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus ou uma perspectiva precisa para a saída do período agudo da pandemia, o tom do discurso de autoridades do Japão já prepara o público para um cenário drástico, no qual a Olimpíada de Tóquio, remarcada para Julho de 2021, não seja realizada.
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O presidente do comitê organizador dos Jogos de Tóquio-2020 (Tocog), Yoshiro Mori, disse a um jornal local nesta terça-feira, 28, que não se cogita um novo adiamento do evento esportivo. “Neste caso, a Olimpíada será limada. No passado, quando houve problemas do tipo, como guerras, os Jogos foram cancelados. Dessa vez, lutamos contra um inimigo invisível.
O chefe da Associação Médica do Japão, Yoshitake Yokomura, também adotou um discurso mais ponderado, para não dizer pessimista. “A não ser que uma vacina seja desenvolvida a tempo, acredito ser difícil realizar a Olimpíada no ano que vem”, disse Yokomura também nesta terça. “Não é um problema restrito ao Japão, é uma pandemia global.”
Mas Mori ainda não jogou a toalha, pelo menos não publicamente. Na mesma entrevista ele disse apostar na solução da crise sanitária a tempo de realizar o evento. “Se o mundo triunfar sobre o vírus e pudermos realizar a Olimpíada, então nossos Jogos serão mais relevantes que qualquer outra edição passada”, disse o chefe do Tocog. “Temos que acreditar nisso. Do contrário, todo nosso trabalho árduo e esforço não será recompensado.”
A Olimpíada de Tóquio, originalmente marcada para o período entre Julho e Agosto de 2020, foi adiada no mês passado. O Japão registra até agora quase 14.000 casos confirmados de coronavírus e 394 mortes, segundo o Ministério da Saúde local. Essa estatística não inclui os infectados e fatalidades do navio de cruzeiro Diamond Princess, que ficou em quarentena no porto de Yokohama em fevereiro.
O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe declarou no início deste mês estado de emergência na capital Tóquio e em outras seis regiões da ilha. Os governos locais recomendam o isolamento social e também o fechamento de estabelecimentos comerciais não-essenciais durante a duração da quarentena, sob pena de multa.