Arthur volta à seleção após anos de festas, polêmicas e críticas na Europa
Entre altos e baixos na Juventus, o jogador de 25 anos teve passagem conturbada pelo Barcelona e busca retomar espaço com Tite
Aos 25 anos, o volante Arthur está de volta à seleção brasileira. Após se destacar no Grêmio e conquistar a Libertadores em 2017, foi vendido ao Barcelona e chegou com status de promessa, mas protagonizou mais polêmicas que boas atuações desde então. Atualmente na Juventus, o atleta vive momento de recuperação após quase ter sido emprestado ao Arsenal em janeiro. Agora, lembrado novamente por Tite, o meio-campista tenta recuperar espaço a menos de um ano do Mundial do Catar.
Assine #PLACAR digital no app por apenas R$ 6,90/mês. Não perca!
O último jogo de Arthur com a camisa da seleção brasileira foi em novembro de 2020, quando inclusive marcou um dos gols da vitória sobre o Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa. Ele chegou a ser uma das esperanças de renovação do time de Tite após a eliminação para a Bélgica nas quartas de final em 2018, mas a queda livre de desempenho cortou sua sequência pela equipe nacional.
Após se destacar no Grêmio, o volante, então com 22 anos, acertou sua transferência para o Barcelona em 2018, por cerca de 140 milhões de reais. Mas a passagem pelo clube catalão foi conturbada, e ao sair para a Juventus, dois anos depois, após 72 jogos e quatro gols pelo catalães, ele já chamava mais atenção por seu comportamento extracampo do que pelo que fazia dentro dele.
Às vésperas de de um clássico diante do Real Madrid em 2019, o jogador foi visto Paris, na festa de aniversário de Neymar, seu parceiro de seleção. Em outro episódio, no ano seguinte, já pela Juve, o jogador foi flagrado dirigindo embriagado após bater uma Ferrari em um poste de luz.
Mas nada pesou mais na passagem do jogador que a cena de despedida do clube catalão, em julho de 2020. À época, o jogador já havia acertado sua ida para a Juventus da Itália, mas ainda tinha compromissos a cumprir com o Barça. Mesmo assim, não se reapresentou aos treinos após o recesso de julho, e não fez os testes de Covid-19 para a partida de retorno contra o Napoli pela Liga dos Campeões.
À época, a atitude foi considerada “uma falta de respeito” e “ato inaceitável de indisciplina” pelo então presidente do Barcelona, Josep María Bartomeu. Ao tentar ir ao estádio para acompanhar a partida, o jogador passou o constrangimento de ser barrado pela diretoria no Camp Nou.
Já pela Juventus, Arthur disputou 55 jogos, marcou um gol e deu uma assistência desde que chegou. Além de encontrar dificuldade em se firmar na equipe, o jogador sofreu com constantes problemas físicos e teve até seu estilo de jogo criticado pelo então técnico Andrea Pirlo, um dos grandes volantes da história do futebol italiano.
“O jogo dele é muito curto, ele está ligado ao Barcelona. Ele ainda toca muito na bola quando, em certas ocasiões, pode acelerar”, disse Pirlo quando o brasileiro chegou à equipe. Em outra ocasião, após uma partida contra o Ferencvaros, da Hungria, pela Liga dos Campeões, o treinador criticou decisões tomadas em campo pelo jogador: “ele deveria ter aberto mais o jogo para criar situações de um contra um”.
Já sem o mesmo prestígio e bastante contestado, o jogador fez um 2021 discreto. Após falha individual que originou o gol da derrota da Juve em partida diante do Benevento, pelo Campeonato Italiano, foi novamente criticado pelo técnico.
“Ele (Arthur) cometeu um erro que não costuma cometer. Foi estranho ele não ter visto o adversário. Mas seria mais fácil ele recuar para o goleiro. Não se pode atravessar um passe na frente da área. Foi descuidado”, disse Pirlo ao jornal Sky Sports.
Já em abril, Arthur foi flagrado em uma festa clandestina na casa do americano Weston McKennie, seu colega de Juventus. A festa desrespeitava os protocolos sanitários de Covid-19 e foi interrompida pela polícia local. Além de pagar multa, o jogador foi barrado por Pirlo para o confronto seguinte pelo campeonato nacional.
Em julho de 2021, o jogador foi submetido a uma cirurgia no joelho, consequência de uma pancada que recebeu em dezembro do ano anterior, e ficou afastado por três meses, tempo que o fez perder o início da temporada 2021-22. Aos poucos, ele tem buscado retomar espaço na Juve, que reformulou o setor de meio-campo em janeiro: o uruguaio Rodrigo Bentancur foi para o Tottenham, o galês Aaron Ramsey foi emprestado ao Rangers, e o suíço Denis Zakaria chegou do Borussia Mönchengladbach.
“Ele tem a característica diferente de outros jogadores de meio-campo”, justificou o auxiliar técnico da seleção, Cleber Xavier, após Tite anunciar o retorno de Arthur. “Ele tem o controle de jogo, a movimentação com bola, de rodar por trás e conduzir o jogo com muita qualidade, desenvolvendo algumas situações. A continuidade dele na Juventus está crescendo, então achamos que era o momento de trazê-lo, para buscar outro jogador de meio-campo com essa característica”.