O reggae se despede nesta segunda-feira, 24, de um de seus maiores expoentes, o jamaicano Jimmy Cliff, que morreu aos 81 anos, vítima de uma pneumonia seguida de convulsão. O músico era um grande admirador do Brasil e de futebol, conforme contou a PLACAR o ex-treinador da seleção jamaicana, Renê Simões.

A passagem de Simões, o “Pastor do Reggae” foi contada em edição de PLACAR de março de 1998, ás vésperas da primeira e única participação dos Reggae Boyz em Copas do Mundo. Na ocasião, Jimmy Cliff foi citado como presença constante no ambiente da seleção.

Em contato com PLACAR nesta segunda, Renê Simões lamentou a morte do ídolo jamaicano e contou que certa vez teve de conter seu ímpeto. Então aos 54 anos, o músico tentou participar de uma partida amistosa da equipe que obteve a inédita classificação para a Copa da França. Mas levou uma canseira de Renê.

“Certa vez, tínhamos um amistoso contra a Costa Rica. Na véspera, eu estava descendo para o campo e ouvi uma pessoa me gritando da arquibancada: coach, coach! Era ele. Pedi para ele descer, conversamos, ele inclusive falava português. Perguntei se ele viria ao jogo e ele me disse que não tinha ingresso. Daí pedi quatro ingressos para e ele e as filhas no royal box (camarote real)”, iniciou Renê.

“No dia seguinte, as filhas estavam no camarote, mas ele apareceu no campo. Disse ‘poxa, Jimmy, que legal você aqui…’ De repente, ele sentou-se do meu lado no banco. E eu já tinha brigado tanto com dirigentes para tirar pessoas do banco, antes tinha até cachorro e gato, e eu exigi que só minha comissão e atletas entrassem, precisava manter essa regra. Pensei: como faço para resolver isso agora?”, prosseguiu.

A ideia foi, literalmente, ganhar Cliff pelo cansaço.  “Chamei meu preparador e pedi para ele levar o time inteiro e mais o Jimmy, quando começasse o jogo, para aquecer atrás do gol. Ele ficou 45 minutos aquecendo. Quando terminou o primeiro tempo, eu temia que ele voltasse para o banco, mas ele estava cansado e foi para o camarote (risos).”

Jimmy Cliff no Brasil

“Depois encontrei com ele poucas vezes, uma delas foi no show depois da classificação para a Copa. Lamento muito sua partida, ele era uma pessoa fantástica e que adorava o Brasil” finalizou Simões. De fato, Cliff tinha relação estreita com o Brasil, especialmente com a Bahia.

Conforme narra o jornal Correio, Jimmy Cliff fez várias visitas à capital baiana. Na década de 80, fez shows em turnê com Gilberto Gil, e nos anos 90 voltou à Fonte Nova, para ver jogos de Bahia e Vitória.