O Brasil sofreu uma eliminação doída para a Coreia do Norte, por 2 a 0, nesta quarta-feira, 5, e caiu na semifinal da Copa do Mundo feminina sub-17. Para quem olha de fora, pode até parecer uma zebra, mas na verdade prevaleceu o favoritismo asiático. Isso porque a Coreia do Norte é uma grande potência nas categorias de base do futebol feminino e pode ser tetracampeã na categoria. PLACAR te explica como isso foi acontecer.
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Coreia do Norte eliminou o Brasil na semifinal e vai em busca do tetra – Divulgação / Fifa
Jong Hyang virou a carrasca do Brasil na Copa do Mundo feminina sub-17. A norte-coreana converteu pênalti após a expulsão de Andreyena e, no segundo tempo, marcou o segundo gol para eliminar a seleção brasileira e colocar a Coreia do Norte na segunda final consecutiva na categoria.
Atual campeã, a seleção asiática vem de uma campanha com 100% de aproveitamento, eliminando Marrocos (6 a 1) e Japão (5 a 1) com goleadas. Na final, a Coreia do Norte aguarda quem passar de México e Holanda. As duas seleções já enfrentaram a Coreia na atual edição e foram derrotas. As mexicanas perderam na estreia por 2 a 0 e as holandesas goleadas por 5 a 0 também na fase inicial.
Ou seja, existe uma favorita ao título mundial. Além disso, a Coreia do Norte é a atual campeã. Em 2024, venceu a poderosa Espanha nos pênaltis para se isolar como tri na categoria.

Jong Hyang marca duas vezes e elimina Brasil no Mundial sub-17 feminino – Divulgação / Fifa
Como a Coreia do Norte se tornou potência na base
Quando o assunto é futebol feminino, as potências se restringem a poucas seleções: Estados Unidos, Espanha, Alemanha, Japão e até Brasil. No entanto, nas categorias inferiores nenhum país é mais vitoriosos que a Coreia do Norte: tricampeã do mundo sub-17 e tricampeã do mundo sub-20.
É difícil entender o processo de evolução do futebol feminino em um país tão fechado como a Coreia do Norte, e até por isso é surpreendente. No entanto, o investimento tem relação direta com a política do país.
No final de década de 80, o então líder supremo norte-coreano Kim Jong-il, pai do atual líder Kim Jong-un, estabeleceu o desenvolvimento do futebol feminino como meta do governo. Naturalmente que o Partido dos Trabalhadores enxergavam o esporte como arma de propaganda política, como em diferentes governos pelo mundo.
“Recentemente, as habilidades das mulheres de nossa seleção melhoraram de alguma forma. Elas podem ser capazes de ganhar torneios internacionais em um futuro próximo se continuarem trabalhando duro”, disse Kim Jong-il. O trecho é destaque no livro Bukan Cheyuk Jaryojip, que conta a história do esporte no país.

Coreia do Norte é também a atual campeã do Mundial sub-20 feminino – EFE/ Mauricio Dueñas Castañeda
Kim Jong-il morreu em 2011, quando a Coreia do Norte já era campeã feminina sub-17 e sub-20. O filho deu sequência no trabalho do pai e manteve a filosofia de formação de atletas no país. Em 2013, inaugurou o Pyongyan International Football School, que recebe jovens de 7 a 16 anos de idade.
Em 2017, o alemão Thomas Gerstner se tornou o primeiro técnico estrangeiro da Coreia do Norte. Anos depois, ele explicou em entrevista à BBC da Austrália que todos os atletas se concentram juntos em uma espécie de “centro olímpico” e não recebem pagamento em dinheiro, mas uma oportunidade de vida melhor na capital.
“Eles ficam no Centro Nacional de Treinamentos 24 horas por dia, sete dias por semana, e não jogam por clubes depois de serem selecionados. Eles recebem alimentação, e simplesmente se orgulham por representar o país”, contou.
A lógica se aplica para as jogadoras de futebol, independente da categoria. O processo de desenvolvimento é baseado na disciplina e no coletivo, fundamentos do regime comunista.
A estratégia da Coreia do Norte é um sucesso no futebol feminino de base, mas ainda engatinha na categoria profissional. A seleção asiática ainda não conseguiu uma campanha de destaque na Copa do Mundo. No entanto, é a 9ª na classificação geral da Fifa, à frente de seleções tradicionais como França e Austrália.
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