Goleada, protestos e interino demitido: o vexame do Tottenham
Dono do clube tratou derrota por 6 a 1 para o Newcastle como "inaceitável" e trocou Cristian Stellini por outro técnico provisório
O Tottenham iniciou a temporada 2022/2023 com expectativas altíssimas, mas deve encerrá-la de forma melancólica. Nesta segunda-feira, 24, um dia depois da vexatória derrota por 6 a 1 para o Newcastle, pelo Campeonato Inglês, o dono do clube, Daniel Levy, emitiu um comunicado no qual tratou o desempenho do time como “inaceitável” e anunciou a demissão do técnico interino Cristian Stellini e sua comissão técnica.
Stellini era auxiliar de Antonio Conte, demitido em 26 de março em meio a diversas desavenças com atletas e diretoria, e vinha comandando o time desde então. Em quatro jogos, o profissional acumulou um empate, duas derrotas e uma vitória.
Ele será substituído até o fim da temporada por Ryan Mason, que é membro da comissão permanente e em 2021 se tornou o técnico mais jovem da história da Premier League ao comandar o Tottenham interinamente aos 29 anos.
A péssima fase vem gerando frequentes protestos da torcida do Tottenham, que não celebra um único título desde a Copa da Liga Inglesa de 2008. O alvo principal da ira é justamente Daniel Levy, o cartola mais longevo da elite inglesa, no comando do clube desde 2001.
Em seu comunicado, o empresário chamou para si a responsabilidade. “O desempenho de domingo contra o Newcastle foi totalmente inaceitável. Foi devastador ver. Podemos olhar para muitas razões pelas quais isso aconteceu e, embora eu, o Conselho, os treinadores e os jogadores devamos assumir a responsabilidade coletiva, em última análise, a responsabilidade é minha”, iniciou Levy.
“Cristian (Stellini) deixará sua função atual junto com sua comissão técnica. Cristian entrou em um momento difícil de nossa temporada e quero agradecê-lo pela maneira profissional com que ele e sua comissão técnica se comportaram durante um período tão desafiador. Desejamos felicidades a ele e sua equipe”, completou.
Com os recentes tropeços, os Spurs se veem mais próximos de perder uma vaga na Liga Europa do que de retornar à zona de classificação à Champions League. O time ocupa a quinta colocação da Premier League, com 53 pontos, seis a menos que o Manchester United, e com dois jogos a mais que o concorrente. Na cola, o Aston Villa tem 51 pontos.
O brasileiro Richarlison é um dos símbolos da frustração do Tottenham. Contratado junto ao Everton por 50 milhões de libras (mais de 300 milhões de reais na época), o atacante da seleção brasileira tem apenas dois gols em 29 jogos. Na Premier, não marcou um gol sequer. O “Pombo” entrou em rota de colisão com o disciplinador técnico Antonio Conte, dias antes da demissão do italiano.
Richarlison, que briga por posição no ataque com Harry Kane, Heung Min Son, Dejan Kulusevsky e Ivan Perisic, e conviveu com lesões no ano, reclamou de estar recebendo poucas oportunidades, disse não ter sido comunicado pela comissão técnica dos motivos, e aliviou a temporada com o palavrão, em entrevista à TNT Sports.
Conte, evidentemente, reagiu. “Primeiramente, assisti à entrevista do Richarlison. Ele não me criticou. Ele disse que sua temporada está uma m… e ele está certo. Sua temporada não vem sendo boa mesmo”, ironizou Conte. “Ele teve lesões, jogou a Champions, depois foi para a Copa do Mundo e teve uma lesão séria. Ele não fez gols para nós. Acho que ele foi bem honesto de dizer que a temporada dele não foi boa. Mas a temporada não acabou ainda. Se ele merecer jogar, eu lhe darei a oportunidade”, disse Conte, na ocasião.
Na mesma entrevista, Conte repetiu uma reclamação feita por seu antecessor José Mourinho no passado: a de que o Tottenham tem um time “bonzinho” demais. “Às vezes, não basta ser um cara legal. Tem que mostrar vontade e luta para ganhar o jogo e as divididas, ser ‘desagradável’. Ás vezes somos um pouco moles, mas o treinador sou eu e por isso sou o primeiro responsável.”
A situação ficou insustentável justamente quando Conte fez críticas públicas a Daniel Levy, relacionando a seca de títulos ao trabalho da direção e falta de ambição dos atletas. “Estão acostumados com isso aqui. Eles não jogam por algo importante, não querem jogar sob pressão. É fácil desta forma. A história do Tottenham é essa. Há 20 anos com o mesmo dono e nunca ganharam nada. Por quê? Será que a culpa é dos técnicos que passaram por aqui?”, questionou.
Outro brasileiro do elenco, o lateral Emerson Royal se envolveu em outra polêmica. Na semana passada, seu pai e empresário, Emerson Zulu, disse ao canal “Charla Podcast” que há grande possibilidade de o atleta mudar de clube. “Queremos isso, acreditamos que é hora de ele dar um salto maior e ir para um time que luta por títulos. Um gigante. Acho que ele se encaixa no Real Madrid”, disse.
Nesta segunda, o jogador negou a declaração do próprio pai por meio de sua assessoria, ao site ge. “Embora ele tenha direito à sua própria opinião, nunca conversei com ele sobre isso e sempre deixei claro que estou feliz no Tottenham. Como atleta profissional, tenho orgulho de representar a equipe que acreditou em mim e me deu a oportunidade de mostrar minhas habilidades”, afirmou Royal.