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Filho de Dortmund: Reus pode conquistar primeira Bundesliga no Borussia

Cria de seu time do coração, atacante viu taças escaparem, superou lesões, recusou grandes propostas e está prestes a coroar trajetória

O futebol alemão está bem próximo de ver uma imensa marca ser quebrada. Nas vésperas da última rodada da Bundesliga, a possibilidade de o Borussia Dortmund se confirmar como campeão e por fim a uma sequência de 10 títulos consecutivos do Bayern de Munique é real. Os aurinegros precisam apenas de uma vitória em casa sobre o Mainz, no próximo sábado, 27, para reencontrar a Meisterschale (salva de prata) e, de quebra, coroar um ídolo, filho ilustre de Dortmund e membro do elenco há mais tempo no clube: Marco Reus.

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A conquista pode ser o mais desejado presente de aniversário para o meia-atacante, que completa 34 anos no próximo dia 31. Nascido na cidade do oeste alemão, Marco chegou ao Borussia ainda criança, passou um breve período longe e retornou à casa para fazer história. Ídolo da apaixonada torcida, pode coroar a passagem com a Bundesliga desta temporada e, finalmente, guardar esta campanha na sala de troféus do Signal Iduna Park, antes conhecido como Westfalenstadion.

Cria da casa

Marco Reus nasceu e cresceu em Dortmund. Aos sete anos, em 1996, Reus foi aprovado entre os infantis do Borussia, time do coração de toda a família. Habilidoso, sempre foi um grande fã de jogadores brasileiros, especialmente Ronaldinho Gaúcho, o que explica o fato de sua conta no Instagram ser “Marcinho11“.

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Alçado à categoria sub-19, o atual meia-atacante costumava ser aproveitado como lateral-direito, sem grandes perspectivas. Para se destacar, desafiou o próprio coração e mudou de ares, com destino ao Rot Weiss Ahlen. Pela modesta equipe da cidade vizinha, passou a atuar em sua posição atual e foi essencial no acesso da terceira para a segunda divisão da Alemanha. Começava a nascer um ídolo da região da Renânia do Norte-Vestfália.

O bom filho à casa torna

Marco Reus e Jurgen Klopp no Borussia
Marco Reus e Jurgen Klopp no Borussia

Em 2009, o destaque nas divisões inferiores fez crescer o interesse dos rivais e levou Reus ao outro Borussia, o Monchengladbach. O casamento foi perfeito, com grandes atuações, status de grande promessa mundial e as primeiras convocações para a seleção alemã. Veio, então, um chamado da antiga casa.

O Dortmund, à época, era o atual bicampeão da Bundesliga e brilhava sob o comando do técnico Jurgen Klopp. Mas segundo o próprio Reus, em entrevista ao DAZN e ao GOAL em 2019, a decisão de voltar foi, acima de tudo, passional.

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“Eu me sentia muito confortável no Gladbach. Tínhamos um time forte e sempre gostei de continuidade, como já enfatizei. Eu senti que poderíamos construir um time para anos. Por outro lado, você não recebe duas ou três chances de voltar ao clube em que cresceu. Eu pensei muito, criei uma lista de prós e contras. Relativamente rápido, tomei a decisão de que queria ir para o Borussia Dortmund. Foi, no fim, uma decisão do coração”, admitiu o jogador.

E no dia 1º de julho de 2012, Marco Reus foi comprado por 17 milhões de euros. Dessa vez, como meia-atacante. Dessa vez, para fazer história.

[box title=”A carreira de Marco Reus”]2007 – 2009: Rot Weiss Ahlen
2009 – 2012: Borussia Mönchengladbach
desde 2012: Borussia Dortmund

Títulos:
Copa da Alemanha (2017 e 2021)
Supercopa da Alemanha (2013, 2014 e 2019)[/box]

 

Quase atrás de quase

Time do Borussia que conquistou vaga na final da Champions de 2013
Time do Borussia que conquistou vaga na final da Champions de 2013

O Borussia Dortmund viveu momentos memoráveis no início da década de 2010 sob o comando de Klopp. Com o acréscimo de Reus, os voos foram ainda mais brilhantes. Já na temporada 2012/13, a primeira do atacante, o sistema ofensivo arregalou os olhos da Europa. Ao lado de Mario Götze e Robert Lewandowski, os aurinegros chegaram à final da Champions League.

O grande momento de Reus foi no jogo de volta quartas de final, contra o Málaga. Depois de um empate por 1 a 1 na ida, na Espanha, o Borussia perdia por 2 a 1 na reta final e precisava de dois gols para não ser eliminado, em razão da extinta regra do gol qualificado (fora de casa).

Tudo passou a mudar com Reus, que marcou aos 45 minutos do segundo tempo, com apenas mais quatro minutos a jogar. O camisa 11 buscou a bola dentro do gol e correu em direção ao meio. Reanimado, o Dortmund conseguiu a virada e a classificação com o gol do zagueiro brasileiro Felipe Santana.

Depois de passar pelo Real Madrid na semifinal, com direito a assistência de Reus, veio o mais dolorido “quase” da carreira do ídolo de Dortmund. Em final contra o Bayern de Munique, sem o companheiro Mario Götze, que já estava negociado com os bávaros, o título escapou por detalhes e um gol de Arjen Robben, aos 44 minutos do segundo tempo, quando a prorrogação já parecia certa.

Desde então, Reus amargou vários vice-campeonatos. Além da Champions, foram seis vezes na segunda posição da Bundesliga, três finais de Copa da Alemanha perdidas e cinco derrotas na Supercopa.

Dinheiro? Amor

Marco Reus, do Borussia Dortmund
Marco Reus, do Borussia Dortmund

O altíssimo nível apresentado por Marco Reus em suas primeiras temporadas de Borussia Dortmund interessaram gigantes do mundo todo. Simultaneamente, Götze e Lewandowski, companheiros do meia, decidiram defender o Bayern de Munique, movimento não adotado pelo camisa 11.

Em entrevista ao britânico Mirror, em 2014, Reus afirmou que recompensa financeira alguma o levaria para o lado bávaro da Alemanha:

Entre especulações e interesses de gigantes da Europa, que poderiam oferecer, além do dinheiro, mais condições de destaque coletivo, Reus sempre manteve a posição. Em abril deste ano, já na história do time de Dortmund, Reus renovou o contrato por mais um ano. “Ainda não há nada melhor para mim do que fazer gols diante dos melhores torcedores do mundo no estádio mais lindo do mundo e comemorar as vitórias juntos. É por isso que eu estou feliz em renovar meu contrato por outro ano, porque como eu sempre disse, não há outro clube que eu prefira jogar na minha carreira além do Dortmund.”

Decepções por lesão

Mouhtaropoulos/Getty Images)
Reus sofre com lesões na carreira

Há quem diga que, não fossem as lesões, Marco Reus seria candidato a premiações de melhor do mundo. Entretanto, problemas físicos sempre acompanharam o meia-atacante, que teve a primeira grande frustração em 2014.

A um mês do início da Copa do Mundo do Brasil, Reus rompeu parcialmente os ligamentos do tornozelo esquerdo e ficou de fora da lista de atletas que seriam campeões mundiais no Maracanã. Desde então, passou por sequenciais problemas, incluindo em 2022, quando também não pôde disputar o Mundial do Catar pela Alemanha.

De acordo com dados do Transfermarkt, Reus ficou de fora de 138 jogos do Dortmund por problemas físicos. Isso representa mais de quatro ligas alemãs completas, que podiam ter colocado o ídolo em um posto ainda maior.

A atual Bundesliga

Marco Reus é capitão do Borussia Dortmund
Marco Reus é capitão do Borussia Dortmund

Sétimo jogador com mais jogos da história do Borussia (386) e segundo maior artilheiro (161 gols, 16 a menos que o recordista Alfred Preissler), Reus não foi titular em maior parte desta edição de Bundesliga. Ainda assim, capitão quando em campo, o jogador mais aclamado pela Muralha Amarela, como é chamada a área atrás do gol da arquibancada, foi importante na campanha.

São seis gols e quatro assistências em 1296 minutos em campo (média de uma participação a cada 130 minutos). Esses números, porém, apareceram em momentos decisivos: 60% foram para desempatar partidas.

Mesmo que reserva do time de Edin Terzic, a iminente conquista da Bundesliga pelo Borussia Dortmund seria a coroação de Marco Reus diante de sua torcida, pelo clube que ama, em sua terra-natal. Ou, em caso de um inesperado tropeço e 11º troféu consecutivo do Bayern, a mais dolorosa das decepções de sua carreira.

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