Debate sobre greve ameaça Mundial de Clubes de 2025
Aumento do número de partidas com nova Champions, Nations League e Copa do Mundo de Clubes causou insatisfação de jogadores como Rodri e Alisson
Rumores sobre uma possível greve no futebol estão ganhando força. Nos últimos dias, jogadores de grandes equipes da Europa têm se pronunciado publicamente sobre a exaustão causada pelo calendário cada vez mais apertado.
Nesta semana, Rodri, volante do Manchester City, afirmou recentemente que, se a situação não mudar, uma paralisação pode ser a única alternativa. “Sim, acho que estamos perto disso (uma greve). Se perguntar para qualquer outro jogador, vai dizer o mesmo“, disse em coletiva de imprensa.
Na mesma linha, Alisson, goleiro do Liverpool, também reclamou que a opinião dos atletas não é levada em conta. Antes de jogo contra o Milan, pela Champions League, o goleiro demonstrou insatisfação com a falta de debate.
“Ninguém pergunta aos jogadores o que eles acham sobre acrescentar jogos. Talvez nossa opinião não conte, mas todos sabem o que pensamos. Sabemos que as pessoas querem mais, mas o mais razoável seria que todas as partes que mencionei e os responsáveis pelo calendário se sentassem juntos e ouvissem todas as partes, inclusive os jogadores“, falou o goleiro.
O motivo de mais jogos
A pressão por mais competições vem das entidades que comandam o futebol, que buscam expandir o número de jogos e torneios, por interesses comerciais. Competições como a Nations League e o Mundial de Clubes, além do novo formato da Champions League, estão no centro das críticas.
Iniciada nesta semana, a edição 2024/25 da Liga dos Campeões marca essa era. Antes, um finalista somava 13 partidas, enquanto neste formato serão oito apenas na fase inicial. Quem chegar na decisão pode acumular até 17 jogos – sendo 15 o mínimo para quem disputar o título.
Julián Álvarez, que encerrou a última temporada com impressionantes 75 partidas entre Manchester City e Argentina, é um exemplos dessa exaustão. Segundo um relatório da FIFPro, muitos atletas que disputam as principais competições europeias e defendem suas seleções acumulam mais de 60 jogos por temporada.
Mundial em risco?
As ameaças de greve colocam em xeque novas competições que incham ainda mais o calendário. Entre elas, está o “Super” Mundial de Clubes de 2025, idealizado pela Fifa para valorizar o torneio.
Antes de “tiro-curto”, o campeonato passará a ser disputado com 32 clubes a cada quatro anos. Entretanto, o formato mais enxuto não será extinto, mas sim substituído por uma Copa Intercontinental anual, em novo movimento de mais partidas.
Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, levantou voz contra a ideia da Fifa em junho. O italiano chegou a dizer que seu clube não participaria, citando a questão financeira desfavorável, mas foi obrigado a voltar atrás.
Em uma entrevista ao diário Il Giornale, da Itália, Ancelotti disse que outros clubes também devem recusar. “A Fifa pode esquecer. Os jogadores e clubes não participarão nesse torneio. Um único jogo do Real Madrid vale 20 milhões de euros e a Fifa quer pagar-nos esse valor por todo o Mundial. Negativo. Tal como nós, outros clubes irão recusar o convite”, disse Ancelotti.
Horas depois de a entrevista repercutir mundialmente, o Real Madrid emitiu um comunicado desmentindo seu próprio treinador:
“O Real Madrid CF informa que em nenhum momento foi questionada a sua participação no novo Mundial de Clubes que a Fifa organizará na próxima temporada 2024/2025. Portanto, nosso clube irá disputar, conforme planejado, esta competição oficial que enfrentamos com orgulho e com o maior entusiasmo para fazer nossos milhões de torcedores ao redor do mundo sonharem novamente com um novo título.”
O próprio Ancelotti usou as redes sociais para dizer que foi mal interpretado. “Na minha entrevista ao Il Giornale, as minhas palavras sobre o Mundial de Clubes da Fifa não foram interpretadas da forma que pretendia. Nada poderia estar mais longe do meu interesse do que rejeitar a possibilidade de disputar um torneio que considero uma grande oportunidade para continuar a lutar por grandes títulos com o Real Madrid.”
Contrapontos
No entanto, nem todos os jogadores compartilham dessa visão. Nico González, da Juventus, afirmou que o calendário atual é adequado, especialmente para jogadores mais jovens. Ele destacou que, com uma boa alimentação, descanso e sono, é possível manter o nível de rendimento.
“Para nós está ótimo. Somos todos jogadores jovens, que querem jogar futebol. Muitas partidas fazem bem à equipe”, comentou o argentino após vitória da Juve na Champions League.
Outro atleta que elogiou o novo formato da Champions foi Marquinhos, zagueiro do PSG: “Para o espectador é bom. Você tem boas partidas, bons times que vão se enfrentar. Para os atletas, é uma agenda que combina com as competições internacionais, com a seleção, com as viagens, com o calendário na Europa e com o campeonato.”
O defensor, por outro lado, também citou a importância da consulta aos atletas. “Nós não somos especialistas em calendários, mas é importante saber o que o jogador pensa.”