Como amizade com Messi ajudou Neymar a virar ídolo na Argentina
Sintonia iniciada em Barcelona se manteve até mesmo em duelos entre as seleções e arrefeceu a rivalidade histórica entre brasileiros e argentinos
Se no Brasil o sempre controverso Neymar segue dividindo opiniões, seja por suas atuações em campo, seja pelo comportamento fora dele, na Argentina o astro do PSG é cada vez mais querido. O termômetro das redes sociais evidencia a crescente popularidade do brasileiro pelos lados de Buenos Aires e há, além de seu exuberante talento, outra razão especial para isso: a genuína amizade com Lionel Messi e outros hermanos.
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Messi retornou aos treinos do clube francês na última quarta-feira, 5, e recebeu homenagens de companheiros e dirigentes por ter conquistado o título da Copa do Mundo, justamente contra a França. Uma imagem divulgada pelo PSG mostrou a forma carinhosa como o gênio de Rosário foi recebido por Neymar. “Onde está o campeão do mundo?”, brincou, antes de abraçar o parceiro.
“¿Dónde está el campeón del mundo?”.
De Ney para Lionel. 😍🇦🇷pic.twitter.com/VFdW6kH9md
— Ataque Futbolero (@AtaqueFutbolero) January 4, 2023
A cena rodou o mundo e rendeu ainda mais elogios ao brasileiro por parte dos argentinos. “Neymar é o amigo que se alegra pelo triunfo alheio, é um craque”, disse um dos internautas. “Como alguém pode não gostar de Neymar?”, questionou outro. Muitos fãs ainda citaram Kylian Mbappé, derrotado na final da Copa e com quem Messi nunca teve tanta intimidade, e que estava de folga nos EUA no retorno do argentino a Paris. Seu irmão, Ethan Mbappé, que também integra o elenco, não demonstrou grande entusiasmo ao rever o argentino.
Neymar e Messi se cruzaram pela primeira vez em um amistoso entre suas seleções, no Catar, em 2010, vencido pelos argentinos com gol de La Pulga. Um ano depois, nova vitória do gênio de Rosário, 4 a 0 diante do Santos na final do Mundial de Clubes. Naquela noite japonesa surgiram os primeiros gestos de afeto que culminariam em sintonia absoluta a partir de 2013, com a chegada do craque ao clube catalão.
No documentário O Caos Perfeito, da Netflix, Neymar demonstra especial gratidão por um episódio ocorrido em um jogo contra o Athletic Bilbao, no início de sua passagem pelo Barça. “Estou chorando no vestiário, no banheiro… O Messi falou comigo, expliquei que meu espanhol era mais ou menos, que não conseguia jogar, ser eu mesmo”, contou o brasileiro, que disse ter recebido enorme apoio do astro do time. “Era esse suporte que eu precisava naquele momento. E foi onde a chave virou. Comecei a me sentir mais leve”, acrescentou o brasileiro. Messi, portanto, de alguma forma retribuiu o respaldo que recebeu dos brasileiros Ronaldinho Gaúcho, Deco, Sylvinho e Thiago Motta, durante seus primeiros anos na equipe profissional.
A chegada de outro sul-americano ao Barça, o uruguaio Luís Suárez, hoje no Grêmio, os aproximou ainda mais e transformou o trio MSN em uma parceria histórica. Uma relação tão próxima que nem mesmo a decisão de Neymar de trocar a Catalunha por Paris, publicamente reprovada por Messi, abalou. Houve, no entanto, um momento especialmente marcante para os argentinos na forma como enxergavam o antigo inimigo: a final da Copa América de 2021, no Maracanã.
Na ocasião, o camisa 10 do Brasil sofreu com a truculência adversária durante todo o jogo e saiu derrotado por 1 a 0, no jogo que encerrou o jejum de 28 anos sem título da seleção argentina adulta. E, apesar da decepção pela derrota, Neymar fez questão de abraçar, parabenizar e até se divertir com o amigo, que naquele momento tirava um enorme peso e se consagrava como herói em seu país.
Naquela noite no Maracanã, Messi também tomou uma atitude bastante elogiada pelos brasileiros. Quando o meia Rodrigo de Paul ameaçou puxar uma canção que fazia provocações aos brasileiros, o capitão da equipe imediatamente o repreendeu. Além do camisa 10, Neymar tem outros grandes amigos no elenco campeão mundial: Ángel Di María e Leo Paredes, ex-colegas de PSG, ambos atualmente na Juventus.
En medio de la celebración Argentina, De Paul quería comenzar el canto de “brasilero brasilero” e inmediatamente Messi lo detuvo. Esos pequeños gestos lo hacen más enorme de lo que ya es. Hay que saber perder pero también hay que saber ganar, mostrando respeto a tu rival 👏🏻 pic.twitter.com/5TCaQZLG0s
— Culé GT (@Cule_GT) July 12, 2021
“Neymar é um gênio, e está sempre de bom humor, rindo. Falo todos os dias com ele, independentemente de ser dia de treino ou não, pois é uma pessoa humilde e agradável”, contou Paredes à ESPN Argentina, anos atrás. Nas redes sociais, os dois costumavam se provocar sobre a rivalidade entre suas seleções, sempre em tom amistoso. “Neymar é uma alegria, é festa todo o dia. Tem um coração enorme. Quando o conheci percebi porque o Leo [Messi] gosta tanto dele, é impossível não gostar daquele garoto”, completou Di María, ao TyC Sports.
É perceptível que a amizade entre seus craques contribuiu com o arrefecimento da rivalidade entre argentinos e brasileiros no futebol. Durante a Copa do Mundo do Catar, antes da eliminação do Brasil, a reportagem questionou torcedores sobre esta “união sul-americana” e alguns citaram a amizade entre Messi e Neymar como um componente apaziguador (veja no vídeo abaixo). Em total sintonia, a dupla agora volta aos atenções para a temporada europeia, especialmente para o sonho de levar o PSG a um inédito título da Liga dos Campeões.
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— Placar (@placar) December 6, 2022