Arnold falhou? Entenda o que é marcação individual, por zona e mista
Gol de Éder Militão na vitória do Real Madrid sobre o Liverpool gerou debate: afinal, quem deveria ter marcado o brasileiro, que cabeceou livre?
O terceiro gol do Real Madrid na vitória por 5 a 2 sobre o Liverpool no jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, na última terça-feira, 21, chamou atenção pela facilidade com que Éder Militão se desmarcou dentro da área dos Reds para cabecear livre e decretar a virada do time espanhol. Vendo o lance, muita gente apontou o dedo para o lateral Trent Alexander-Arnold, que estava ao lado de Militão no início da jogada, mas não acompanhou o brasileiro quando ele começou a correr. Mas será que o erro foi mesmo dele?
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Em primeiro lugar, é impossível responder a essa pergunta sem saber quais eram as instruções dos jogadores do Liverpool para defender essa bola parada. Existem basicamente três tipos de marcação: a individual, o famoso “homem a homem”, em que cada jogador adversário é responsabilidade específica de um defensor; a zonal, em que cada defensor é responsável por um “pedaço” da área e deve atacar a bola quando ela vier em seu setor; e a mista, que combina os dois estilos, com alguns jogadores defendendo por zona e outros acompanhando adversários específicos.
No futebol atual, a grande maioria dos times usa a marcação mista para defender bolas paradas. Parece ser o caso do Liverpool nessa jogada. A grande questão é: Alexander-Arnold fazia parte dos jogadores que estavam marcando por zona ou dos que deviam acompanhar um adversário individualmente? Se for o primeiro caso, o erro no lance não foi dele, mas coletivo – outro jogador deveria ter atacado a bola no setor em que Militão correu. Se for o segundo, então, sim, ele errou e deveria ter corrido junto com Militão.
Assim estava posicionado o Liverpool no início da jogada:
É possível ver que, quando Militão começa a correr para o meio da área, Benzema ameaça atacar o espaço que ele deixou – justamente o setor de Alexander-Arnold. O lateral inglês parece hesitar: acompanha o brasileiro ou fica para defender sua zona, prestes a ser atacada pelo francês?
Ele decide ficar na segunda trave e parece passar a marcação de Militão para Gakpo (camisa 18), que estava com Benzema no início da jogada. O holandês de repente muda de direção e começa a correr com Militão, provavelmente alertado por Arnold, mas está longe demais para conseguir disputar a bola.
O zagueiro do Real Madrid cabeceia totalmente livre, distante também dos outros defensores do Liverpool que estavam recuados demais na pequena área. Nenhum deles avançou para atacar a bola, nem pareceu perceber que Militão estava ali até ser tarde demais.
Na marcação mista, normalmente os jogadores que marcam individualmente não são os melhores cabeceadores do time. A tarefa deles é muito mais bloquear ou atrapalhar a corrida dos adversários, impedir que eles cheguem “inteiros” na bola, para que os colegas que estão marcando por zona – esses sim os de maior força no jogo aéreo – levem vantagem na disputa. Alexander-Arnold não é um grande cabeceador, o que pode indicar que o papel dele na jogada era, sim, bloquear Militão. Mas sem saber exatamente as instruções de cada jogador no lance, podemos apenas especular.
O fato é que houve um erro defensivo grave do Liverpool – seja qual for o sistema de marcação usado, deixar um dos principais cabeceadores do adversário livre no meio da área certamente não era o objetivo. O time inglês agora tem uma montanha para escalar se quiser reverter o resultado negativo no jogo de volta, no Santiago Bernabéu, em 15 de março.