Publicidade
Publicidade

Sem turistas nem hotel, ‘Cidade da Copa’ não viveu torneio

A pacata São Lourenço da Mata, onde fica a Arena Pernambuco, se despede da Copa das Confederações no domingo, com a partida entre Uruguai e Taiti. Por enquanto, o município não entrou no clima da competição

“A verdade é que nossa cidade não tem nenhum atrativo para os turistas. O que é que eles virão fazer aqui? Parece que vivemos num eterno Dia de Finados. Nem forró bom não tem”, diz o comerciante João Seabra

Os habitantes da pacata São Lourenço da Mata, localizada na região metropolitana do Recife e que foi apelidada de Cidade da Copa em Pernambuco, podem se gabar pelo fato de viverem no menor município do país a receber as partidas da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Ou quase. Apesar de a Arena Pernambuco estar dentro dos limites da cidade, que possui apenas 102.000 habitantes, ela fica a quase sete quilômetros de distância da área central do município, que ainda não entrou no clima da competição. No domingo, ela se despede do torneio, com a partida entre Uruguai e Taiti. “Não vi nenhum torcedor e muito menos qualquer estrangeiro por aqui. Estão tudo lá na praia de Boa Viagem, no Recife”, diz o aposentado Erles Gomes das Neves, de 69 anos. Mesmo que quisessem pernoitar em São Lourenço da Mata, os turistas não conseguiriam fazê-lo. O motivo: não existe nenhum hotel no município.

Publicidade

Leia também:

Recife: muitos gastos, retorno baixo e imagem manchada

Arena Pernambuco, mistério insondável no meio do nada

Continua após a publicidade

João Seabra, comerciante, com as camisas do Brasil: estoque encalhado
João Seabra, comerciante, com as camisas do Brasil: estoque encalhado VEJA

Pelas estreitas e sinuosas ruas da cidade, é possível avistar diversas casas enfeitadas para os festejos de São João, mas quem procurar algo relacionado à Copa das Confederações não irá encontrar. Para o comércio, atualmente a principal vocação econômica local, a competição também não trouxe nenhuma mudança. O comerciante João Seabra, de 47 anos, resolveu aproveitar a Copa das Confederações para escoar as camisetas do Brasil que sobraram da Copa do Mundo passada. “Achei que fosse vender tudo antes do primeiro jogo da seleção, mas até agora só vendi 73 camisetas, um terço do que tenho aqui no estoque. E olha que coloquei à venda pela metade do preço, por cinco reais”, lamenta. “A verdade é que nossa cidade não tem nenhum atrativo para os turistas. O que é que eles virão fazer aqui? Parece que vivemos num eterno Dia de Finados. Nem forró bom não tem”.

Leia também:

No caminho do torcedor até a arena, aperto e demora

Risco de greve expôs a fragilidade do acesso à arena

Calor e filas – de novo – na busca pelos ingressos no Recife

Uma das praças da cidade: sem atrações
Uma das praças da cidade: sem atrações VEJA

Passada a Copa das Confederações, o município terá um incremento na arrecadação devido aos 5% que terá direito em toda a bilheteria dos jogos do Náutico, que mandará suas partidas na Arena Pernambuco durante três décadas, e nos shows que devem acontecer ali. Além disso, também receberá os impostos das construções de empreendimentos privados no entorno do estádio – que deve permanecer em obras até 2020. “Embora a Fifa não tenha feito absolutamente nada por São Lourenço da Mata, a economia da cidade está começando a se desenvolver graças aos investimentos atraídos pela Cidade da Copa, que será construída próxima à arena”, diz o prefeito Ettore Labanca (PSB). Pelo menos uma boa notícia para quem está recebendo o torneio sem vivenciá-lo de verdade.

Publicidade
Continua após a publicidade

Publicidade