Londres mostra como fazer a bicicleta coexistir com o carro
Para os brasileiros, a capital britânica é exemplo ainda melhor que as mecas das duas rodas, como Amsterdã – afinal, a metrópole também teve de se adaptar a uma nova realidade, com uma presença maior de ciclistas nas vias
Uma cidade que quer se tornar mais amigável para os ciclistas precisa criar um ciclo virtuoso: é preciso segurança para que mais gente aceite trocar o carro pelo pedal, mas também é preciso mais ciclistas para que a cidade se torne mais segura para eles
Nos restaurantes de Londres, não é raro ouvir a expressão “go Dutch” no momento em que a conta chega à mesa. A referência é ao habito holandês de sempre dividir as despesas por igual, independentemente de sexo. Recentemente, no entanto, o termo ganhou outra conotação na capital inglesa. “Go Dutch” é a expressão utilizada pela ONG London Cycling Campaign para descrever o tipo de políticas públicas que os ciclistas querem para a metrópole. Comparada às cidades holandesas, Londres está muito longe de ser uma cidade amigável para quem se desloca sobre duas rodas – e por isso mesmo pode servir de exemplo para as cidades brasileiras, onde alcançar o índice de uso da bicicleta em Amsterdã por ora não passa de utopia. “É claro que quando você compara Londres a algumas cidades europeias, não vamos bem. O número de pessoas que utiliza a bicicleta é bem menor, e a razão é porque elas têm medo. A diferença é que, em Londres, na maior parte do tempo você tem que dividir a rua com os carros, enquanto na maioria das cidades da Holanda ou Dinamarca você tem ciclovias”, diz Mike Cavennet, diretor de comunicação da London Cycling Campaign.
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Para Cavennet, uma cidade que quer se tornar mais amigável para os ciclistas precisa criar um ciclo virtuoso: é preciso segurança para que mais gente aceite trocar o carro pelo pedal, mas também é preciso mais ciclistas para que a cidade se torne mais segura para eles. “Quanto mais gente pedalando entre seus amigos e familiares, melhor. Quanto menos ciclistas você conhece ou vê nas ruas, mais ‘motorcêntrica’ tende a ser a cultura”, diz. Os motoristas brasileiros podem ainda não estar habituados, mas as bicicletas chegaram para ficar – e, se motoristas e ciclistas aprenderem a se respeitar, podem ser úteis para ajudar a forjar a cultura de um transito mais seguro. “Não se trata de ser uma cidade apenas amigável apenas para bicicletas, mas também para pedestres. Trata-se de sempre proteger quem é mais frágil”, diz Cavennet.