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Depois das críticas, Pernambuco vai tocando seu ‘elefante’

Cercada de controvérsias, a arena de São Lourenço da Mata estreia no futebol nacional com duas partidas do Brasileirão. O torcedor vai enfrentar a viagem?

A confirmação do clássico carioca para a arena divide opiniões na capital pernambucana. Recife tem tradição de um futebol local forte, ao contrário de Brasília, por exemplo, que fechou pacote para sediar seis jogos do Flamengo no Mané Garrincha

Depois de duas semanas operando no universo paralelo do padrão Fifa, a Arena Pernambuco, estádio mais polêmico da Copa das Confederações, faz sua entrada oficial na realidade do futebol brasileiro neste final de semana, com os duelos entre Náutico e Ponte Preta, no sábado, e entre Botafogo e Fluminense, no domingo, ambos pelo Campeonato Brasileiro. Com capacidade para quase 50.000 pessoas, a arena de fachada futurista será a casa do Náutico pelos próximos 30 anos, em substituição ao Estádio dos Aflitos. Mas é grande a expectativa para saber o tipo de relação que o público terá com a praça de esportes, situada em São Lourenço da Mata, a 20 quilômetros da capital. No Recife, são muitos os que acreditam que, passada a euforia pela novidade, os torcedores não vão se dar ao trabalho de viajar à distante arena, esvaziando os jogos de menor apelo.

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“O torcedor do Náutico tinha uma característica própria, que era a de chegar em cima da hora nos Aflitos, porque a maioria daqueles que iam aos jogos mora ali bem perto do estádio. Sinceramente, acredito que, com essa distância, muitos deixarão de acompanhar as partidas do nosso time”, afirma o estudante Matheus Raposo. “Eu só vou continuar indo a todos os jogos porque sou fanático demais.” Nesta semana, o treinador Zé Teodoro colocou mais lenha na fogueira ao afirmar que, com a mudança para a Arena Pernambuco, o Náutico perdeu a força do fator mando de campo. “Teremos de alterar nossa forma de jogar, já que nos Aflitos havia um tipo específico de gramado e a torcida ficava mais próxima. Lá, a gente praticamente contava com os três pontos. Agora jogaremos em um campo neutro”, lamentou.

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A confirmação do clássico carioca para a arena também divide opiniões na capital pernambucana. Recife tem tradição de um futebol local forte, ao contrário de Brasília, por exemplo, que fechou pacote para sediar seis jogos do Flamengo no Estádio Mané Garrincha. Assim, levar times de fora para medir forças em terras de Lampião pode não surtir o efeito desejado pelo consórcio Arena Pernambuco – que, compreensivelmente, busca marcar o maior número de eventos no estádio para evitar a criação de um elefante branco. “Encaramos esta partida como mais um espetáculo, da mesma forma que teremos outros, ligados não apenas ao futebol, mas também à música, eventos e entretenimento”, explicou Sinval Andrade, presidente do consórcio. No dia 3 de agosto, por exemplo, a arena receberá evento musical batizado, com nenhuma modéstia, de “O Maior Show do Mundo”, com as presenças de Claudia Leitte, Anitta, Thiaguinho e Wesley Safadão.

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Para os jogos do Náutico, que conta em seu elenco com nomes como Gideão, Auremir, Belusso e Dasaev, a esperança de público vem com o aumento do oferecimento de bilhetes do programa “Todos com a Nota”, do governo do estado de Pernambuco, que permite a troca de cupons fiscais por ingressos. Nos Aflitos, a média disponibilizada era de 6.000 bilhetes promocionais, que geralmente esgotavam – e, assim, garantiam uma presença de público ao menos razoável em todos os compromissos do time. Na Arena Pernambuco serão, pelo menos no início, 15.000 ingressos promocionais por partida. A cada 100 reais em notas fiscais, o torcedor pode obter um bilhete. Atrativos para facilitar a presença do público, portanto, há de sobra. Resta saber se a torcida se animará a pegar o caminho da roça – ou melhor, a estrada rumo à inóspita São Lourenço da Mata.

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