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Com só 2 títulos após o penta, Felipão busca reeditar 2002

Depois de uma década de altos e baixos, ele se apoia na experiência vitoriosa do Mundial da Coreia e Japão para reassumir a seleção brasileira rumo a 2014

A grande incógnita provocada por seu último trabalho no Palmeiras não é sua habilidade como treinador, mas sim a capacidade de montar um elenco harmonioso e unido

Nos dez anos que se passaram entre sua despedida da seleção brasileira e seu retorno ao comando do time, nesta quinta-feira, o técnico Luiz Felipe Scolari conquistou apenas dois títulos: o Campeonato Uzbeque de 2009, pelo Bunyodkor, e a Copa do Brasil deste ano, pelo Palmeiras (conquista que acabaria sendo manchada pelo rebaixamento do clube à segunda divisão do Brasileirão, poucos meses depois). Sua volta ao cargo, portanto, não pode ser atribuída à qualidade de seus trabalhos mais recentes. A grande credencial de Felipão para reassumir a seleção e treinar a equipe na Copa do Mundo de 2014 é, ainda, a experiência de 2002, na conquista do penta. Assim como acontece hoje, Felipão assumiu com um prazo curto até o Mundial (na primeira vez, seu tempo até a Copa era menor ainda, pouco mais de um ano). Também como em 2001, ele chega ao cargo num momento de forte pressão – não pelo momento do time, que é melhor que na década passada, mas sim pela responsabilidade monumental de disputar uma Copa do Mundo em casa. Ele já experimentou uma sensação similar em 2004, pela seleção de Portugal. Guardadas as devidas proporções, foi um desafio parecido: comandar a equipe local na Eurocopa disputada em campos portugueses. Conseguiu tirar o máximo de um time limitado, mas não levantou a taça (na final, perdeu para a zebra Grécia). Ainda assim, foi tratado como ídolo em Portugal e seguiu no cargo.

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Dois anos depois, outra façanha pela seleção europeia: na Copa do Mundo da Alemanha, levou os portugueses à semifinal, o que não acontecia havia quarenta anos, desde a geração de Eusébio. A campanha foi espetacular: Portugal eliminou Holanda e Inglaterra e só caiu diante da França de Zidane, num jogo bastante equilibrado. Em Copas, portanto, Felipão tem um retrospecto invejável. Da passagem por Portugal Felipão leva também parte do crédito pela ascensão de Cristiano Ronaldo, um dos melhores jogadores do planeta na atualidade. O craque, hoje no Real Madrid, costuma ressaltar a importância que o brasileiro teve para o desenvolvimento de sua carreira. Eliminado na Eurocopa de 2008 nas quartas de final pela forte seleção alemã, que chegaria à final do torneio, Felipão trocou Lisboa por Londres, para comandar o Chelsea. Somou dezenove vitórias, dez empates e sete derrotas e acabou sendo demitido já no ano seguinte. O desempenho em sua estreia num grande clube europeu não foi dos melhores, mas o ponto mais negativo da passagem pelo Chelsea foi a briga interna com ídolos da equipe, como Drogba. Não seria a primeira vez que os astros veteranos da equipe britânica ajudariam a derrubar um técnico estrangeiro – isso aconteceu de novo no ano passado, com André Villas-Boas -, o que ameniza o peso do fracasso londrino de Felipão.

Incógnita – O retorno ao Palmeiras, depois da passagem pelo Uzbequistão, é outro trabalho que precisa ser colocado em perspectiva. Com o rebaixamento da equipe, já sob o comando do sucessor Gilson Kleina, Felipão foi considerado por muitos o nome errado para a seleção – afinal, como premiar com o cargo um treinador que acaba de ver seu ex-time descer à série B? A avaliação, contudo, não é tão simples assim. Luiz Felipe Scolari levou o Palmeiras ao seu primeiro título de um torneio nacional em mais de uma década, mesmo contando com elenco modesto. Ruim mesmo era o ambiente de trabalho: em permanente guerra política e profundamente desorganizado, o Palmeiras não é exatamente um oásis para um treinador. Prejudicado pelas trapalhadas dos dirigentes, pela forte pressão das torcidas organizadas e pelos problemas internos do elenco, Felipão foi embora antes que afundasse junto com o time. A grande incógnita provocada por seu último trabalho no Palmeiras não é sua habilidade como treinador, mas sim a capacidade de montar um elenco harmonioso e unido. Depois de sofrer com a insurreição dos comandados no Chelsea e no Palmeiras, Felipão precisa mostrar que ainda é capaz de montar uma “família” na seleção – como fez há dez anos, no penta, na experiência vitoriosa que ofuscou todas as decepções recentes e garantiu que ele tivesse as portas abertas para retornar à CBF.

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Arquivo VEJA: leia o perfil de Luiz Felipe Scolari na edição especial do penta, em 2002

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