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Libertadores: após 4 anos, final única segue atormentando torcedores

Rede hoteleira e malha aérea na América do Sul, além dos preços dos ingressos, esvaziam a final entre Flamengo e Athletico-PR em Guayaquil

O estádio Monumental, do Barcelona de Guayaquil, no Equador, tem capacidade para 58.000 pessoas, mas provavelmente estará longe de contar com a presença expressiva de torcedores do Flamengo e Athletico-PR, que duelarão no próximo sábado, 28, às 17h, em confronto único valendo a Copa Libertadores da América.

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A Conmebol anunciou que somente 30. 000 ingressos foram vendidos, sendo metade deles para os clubes envolvidos e a outra metade para o público local. Os rubro-negros de ambos os lados tiveram muitas dificuldades para conseguir acompanhar de perto as suas equipes no principal compromisso da temporada 2022. O preço do ingresso, a locomoção, a estadia e o pouco tempo para a programação foram alguns dos problemas relatados.

“A Conmebol vem tentando emplacar este modelo de final única, o mesmo que nos acostumamos a ver nas copas europeias. Porém, na América do Sul, as condições de deslocamento, a hospedagem e logística, em geral, são bastante inferiores ao que vemos no continente europeu, sem falar na conversão do preço final dos ingressos. Tudo isso, naturalmente, acaba transformando o evento menos acessível para muitos que acompanharam suas equipes ao longo de todo ano”, analisa Renê Salviano, especialista em marketing esportivo, com passagem pela direção do Cruzeiro.

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A passagem aérea do Rio de Janeiro para Guayaquil, em média, estava custando entre 7.000 e 8.000 reais. Com a origem em Curitiba, o preço era um pouco mais baixo: entre 6.000 e 7.000 reais. Os ingressos reservados para cada torcida foram cotados pela Conmebol por 142 dólares cada (equivalente a 764,51 reais) e o setor misto a 245 dólares (1.296,91 reais). O Flamengo anunciou que comercializou pouco menos de 14.000 bilhetes, enquanto o Athletico nem 2.000.

“Modelo de final única na Europa funciona bem, porque há vários países que possuem estádios de qualidade, rede hoteleira e malha aérea gigantes. Na América do Sul, a estrutura não é a mesma e quem acaba pagando essa conta é o torcedor, que quer ver o seu time e muitas vezes não tem uma oferta de voos grande e nem um número de hotéis razoáveis, e tudo acaba ficando muito caro”, avalia Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, agência de marketing esportivo.

Parceira do Flamengo, a empresa Outsider informou nesta quinta-feira que não conseguiria entregar o serviço de voos fretados a Guayaquil. O motivo alegado foi a falta de autorização das agências nacionais de aviação de Brasil e Equador para o trajeto. Diversos torcedores estiveram na porta da empresa para cobrar providências. Irritado, o presidente Rodolfo Landim analisa o rompimento de contrato com a parceira.

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Agências ofereceram pacotes com tudo incluso por valores entre 16.000 a 22.000 reais no início de setembro, quando os dois times asseguraram a classificação. Em outubro, já mais próximo da final, os preços subiram para até 30.000 reais.

Desde que a Conmebol passou a adotar o modelo de final única, em 2019, os brasileiros têm dominado a competição. Na primeira edição, o Flamengo derrotou o River Plate no Peru, mas nas arquibancadas eram vistos mais argentinos que rubro-negros. Na temporada seguinte, com pandemia, Palmeiras e Santos duelaram no Maracanã, com festa alviverde para poucos convidados presentes. Na última Copa, mais uma decisão brasileira, no Uruguai. Palmeiras e Flamengo disputaram a taça, com vitória dos paulistas.

“Em um único jogo o time pode ir bem ou mal, pode atuar uma competição inteira com ótimo nível e fazer uma final ruim. Você paga por uma competição inteira em uma partida. Pra mim, duas partidas fazem mais sentido. Um campeão que sai de duas partidas é um campeão mais legítimo do que uma só”, crava Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo, novos negócios e novas tecnologias do esporte

A Conmebol aguarda até o momento da partida a comercialização de mais 10.000 bilhetes, totalizando 40.000 ingressos. Alguns espaços ficarão à vista nas arquibancadas do Monumental.

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