Destituído pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, dirigente tentava reassumir o cargo em recurso no STF
Destituído pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) do cargo de presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) no último dia 15, Ednaldo Rodrigues desistiu oficialmente de voltar ao cargo nesta segunda-feira, 19. Em documento protocolado no STF (Supremo Tribunal Federal), o dirigente pediu para que fosse tornada sem efeito a petição de recurso apresentada por sua defesa. Ele alega que os últimos ocorridos “ferem sua honra e família” e desejou sorte ao sucessor.
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“Este gesto, sereno e consciente, representa o esforço do Peticionário em deixar para trás este último ato do litígio, rejeitar narrativas que ferem sua honra e de sua família, e reafirmar, diante dessa Suprema Corte, como sempre fez, seu compromisso com o respeito à Justiça, à verdade dos fatos e à estabilidade institucional da Confederação Brasileira de Futebol (…) (Ednaldo) Declara que, em relação às novas eleições convocadas pelo interventor, não estar concorrendo a qualquer cargo ou apoiando qualquer candidato, desejando sucesso e boa sorte àqueles que vão assumir a gestão do futebol brasileiro”, afirmou o cartola, que também fez uma espécie de retrospectiva relembrado os feitos alcançados durante o tempo em que esteve a frente da entidade e afirmou que não participará mais de eleitções na confederação.
“Considerando os avanços concretos obtidos durante sua administração, entre os quais se destacam: a contratação do técnico Carlo Ancelotti — considerado o melhor treinador do mundo — para comandar a Seleção Brasileira”, disse em outro momento, destacando o acordo com o técnico italiano, que se apresentará no próximo dia 26.
Ednaldo havia sido afastado por decisão do judicial do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro. Ele será substituído por Samir Xaud, primeiro (e único) candidato ao pleito marcado para o próximo domingo, 25.
A eleição ocorre por conta de uma determinação do magistrado para que o Fernando Sarney, um dos vice-presidentes e nomeado interventor da entidade, convocasse com urgência um novo pleito “obedecendo os prazos estatutários da entidade”. Sarney rompeu politicamente com Ednaldo e entrou com petições na Justiça durante as últimas semanas para tirar o dirigente do poder. Ele não integrou a chapa da reeeleição por aclamação do presidente em 24 de março, mas tem mandato até março de 2026.
No domingo, em entrevista à CNN, Xaud, que é vice-presidente da Federação Roraimense de Futebol, já falou como chefe da CBF, com mandato até 2029. “A partir do dia 26 de maio, serei o presidente da CBF”, disse em entrevista ao Domingol com Benja, da CNN Esportes. Ele garantiu ainda que a chegada do técnico Carlo Ancelotti não será afetada com a saída de Ednaldo Rodrigues.
Samir Xaud tem 41 anos e é nascido em Boa Vista, capital de Roraima. É médico com especialização em infectologia e medicina esportiva, e seguiu os passos de seu pai, Zeca Xaud, chefão do futebol de Roraima desde 1986. Vice-presidente da Federação Roraimense de Futebol, foi eleito em janeiro como candidato único para substituir o pai na presidência a partir de 2027, o que não ocorrerá já que ele assumirá o comando da CBF.
Samir divide a rotina entre a medicina, a gestão esportiva e outros negócios. É proprietário de um centro de treinamento em Boa Vista e foi diretor do Hospital Geral de Roraima, um dos maiores do estado.
Antes de migrar para a gestão esportiva, tentou duas vezes ingressar na política, sem sucesso. Em 2018, foi candidato a deputado estadual pelo Partido Verde e obteve 2.069 votos. Quatro anos depois, em 2022, disputou uma vaga na Câmara dos Deputados pelo MDB e somou 4.816 votos, o que lhe valeu uma vaga de suplente da sigla em Roraima.
Até o última semana, Xaud mantinha uma página fechada de Instagram, com pouco mais de 16.000 seguidores, na qual era possível agendar consultas. Ele já avisou que se mudará para o Rio de Janeiro e abandonará a carreira de médico em Roraima.
Para chegar ao posto mais importante do futebol nacional, contou com importantes aliados, como Fernando Sarney (atual interventor da CBF e ex-membro do Conselho da Fifa) e Flávio Zveiter (ex-presidente do STJD), que serão seus vice-presidentes, bem como Michelle Ramalho Cardoso (presidente da Federação Paraibana), a primeira mulher a assumir o posto.
Em entrevista ao Uol, Samir Xaud negou qualquer tipo de relação com Gilmar Mendes, ministro do Superior Tribunal Federal (STF), e não quis adiantar se manterá parceria entre o IDP a CBF Academy. A empresa tem Gilmar Mendes como sócio, o que gerou denúncias de conflito de interesses quando o ministro decidiu pelo retorno de Ednaldo Rodrigues em seu primeiro processo de afastamento, em 2023.
“Primeiro que eu nem conheço o ministro Gilmar Mendes, né? Então, em relação ao IDP, eu também não tenho relacionamento. Quando a gente entrar, vamos avaliar todos os contratos. E o que for de benéfico para a CBF, vamos manter, e o que não for, vamos procurar as medidas cabíveis para tentar resolver os problemas”, disse Xaud. Na mesma entrevista, ele explicou como se deu sua nomeação.
“Foram cogitados alguns nomes. Cinco nomes, de início. Depois, três. E acabou que definiram o meu nome. Então, pelo grupo, pelo projeto, pela proposta, eu topei”, disse. “O que a gente está buscando já há muitos anos é uma estabilidade dentro da instituição. A CBF não suporta mais essas guerras jurídicas, brigas. Eu acho que o futebol brasileiro precisa crescer, ele precisa voltar ao protagonismo mundial e isso passa muito pela reestruturação interna da CBF.”
Ao lançar a chapa Futebol para Todos – Transparência, Inclusão e Modernização, Xaud prometeu “transformar a administração do futebol brasileiro por meio da transparência, da inclusão e da modernização da gestão. Vamos ampliar os investimentos no desenvolvimento do futebol em todas as regiões do país, fortalecendo clubes, federações e o futebol de base.”
Suas ideias inovadoras levaram a um apoio surpreendente, o da presidente Leila Pereira, do Palmeiras, único clube paulista a apoiá-lo. “Conversei com os dois candidatos à presidência da CBF e entendi que as propostas da chapa do Samir Xaud são as melhores para o crescimento do futebol brasileiro. Ele se mostrou comprometido com as pautas que o Palmeiras vem defendendo durante a minha gestão, como a implementação do Fair Play Financeiro, a redução dos campeonatos estaduais e a criação de uma liga que dê autonomia aos clubes na organização das competições nacionais”, afirmou Leila, em entrevista ao Uol.
Para registrar uma candidatura à presidência da CBF, a chapa precisa reunir ao menos oito apoios de federações estaduais e cinco de clubes das Séries A ou B. O processo é sigiloso e exige maioria simples para definir o vencedor.
O colégio eleitoral é formado por 67 votantes: as 27 federações estaduais, os 20 clubes da Série A e os 20 da Série B. Cada voto tem um peso diferente: as federações valem 3 votos, os clubes da Série A valem 2, e os da Série B, 1. A soma total é de 135 votos. As inscrições podem ser feitas até o dia 20 de maio, às 18h (de Brasília).
Amazonas
Botafogo
CRB
Criciúma
Grêmio
Palmeiras
Paysandu
Remo
Vasco
Volta Redonda
Federação Alagoana de Futebol
Federação Amapaense de Futebol
Federação Amazonense de Futebol
Federação Bahiana de Futebol
Federação Catarinense de Futebol
Federação Cearense de Futebol
Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul
Federação de Futebol do Distrito Federal
Federação de Futebol do Estado do Acre
Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo
Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro
Federação de Futebol do Estado de Rondônia
Federação de Futebol do Piauí
Federação Gaúcha de Futebol
Federação Goiana de Futebol
Federação Maranhense de Futebol
Federação Mineira de Futebol
Federação Norte-rio-grandense de Futebol
Federação Paraense de Futebol
Federação Paraibana de Futebol
Federação Paranaense de Futebol
Federação Pernambucana de Futebol
Os vice-presidentes inscritos na chapa de Samir Xaud:
Ednailson Leite Rozenha (presidente da Federação Amazonense)
Fernando José Macieira Sarney (atual interventor da CBF e ex-membro do Conselho da Fifa)
Flávio Diz Zveiter (ex-presidente do STJD)
Gustavo Dias Henrique (ex-diretor de Relações Institucionais da CBF)
José Vanildo da Silva (presidente da Federação Norte-rio-grandense)
Michelle Ramalho Cardoso (presidente da Federação Paraibana)
Ricardo Augusto Lobo Cluck Paul (presidente da Federação Paraense)
Rubens Renato Angelotti (presidente da Federação Catarinense)
“A chapa Futebol para Todos – Transparência, Inclusão e Modernização nasce com o compromisso de transformar a administração do futebol brasileiro por meio da transparência, da inclusão e da modernização da gestão. Vamos ampliar os investimentos no desenvolvimento do futebol em todas as regiões do país, fortalecendo clubes, federações e o futebol de base.
Nosso objetivo é aprimorar a utilização dos recursos da CBF com responsabilidade e clareza, garantindo uma gestão mais eficiente, aberta ao diálogo e com foco em resultados concretos. Trabalharemos para enfrentar os principais desafios estruturais do futebol brasileiro, como o calendário, a profissionalização da arbitragem, a melhoria dos gramados, a segurança nos estádios e o fortalecimento das ligas.
Também olharemos com atenção para o futebol amador e para aqueles que muitas vezes ficam invisíveis no sistema. Vamos promover uma gestão que valorize o futebol feminino, combata qualquer tipo de discriminação e abrace a sustentabilidade.
Apresentamos uma chapa comprometida com a renovação e com a modernização da gestão do futebol brasileiro, com propostas concretas para tornar a CBF mais eficiente, transparente e alinhada aos desafios atuais.
O futebol brasileiro precisa de planejamento de longo prazo, decisões técnicas e escuta ativa. Acreditamos que ouvir clubes, federações, atletas, árbitros, comissões e torcedores é essencial para modernizar e democratizar a governança do nosso esporte.
As nossas seleções serão prioridade. Vamos garantir diretorias de seleção fortes e autônomas, com total liberdade para tomar decisões técnicas e formar um time preparado para os grandes desafios. Para a Seleção Principal Masculina, reafirmamos nosso compromisso com o técnico Carlo Ancelotti. Os termos já acordados serão integralmente mantidos, garantindo estabilidade e continuidade ao projeto esportivo da equipe. Estamos confiantes de que, com a preparação adequada, chegaremos à Copa do Mundo de 2026 prontos para conquistar o título e fazer o Brasil brilhar novamente no cenário mundial.
O futuro do futebol brasileiro é coletivo. E o nosso compromisso é construído com todos — com transparência, respeito e responsabilidade
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