O esporte brasileiro perdeu um de seus ícones. O radialista e jornalista esportivo Washington Rodrigues, conhecido como Apolinho, morreu, aos 87 anos, na noite da última quarta-feira, 15. Ele lutava contra um câncer.
O “Velho Apolo” era comentarista da equipe de esportes da Rádio Tupi e estava no ar com o programa Show do Apolinho desde 1999. Também escrevia na coluna Geraldinos e Arquibaldos no Jornal Meia-Hora.
Washington Rodrigues foi o criador de diversos bordões que se eternizaram, no glossário da bola, como “dar um chocolate” e “briga de cachorro grande”. Ele ainda foi responsável por uma das anedotas mais incríveis do futebol: rubro-negro de coração, teve a honra de treinar o Flamengo brevemente, justo no ano de seu centenário.
A passagem em 1995 durou pouco, apenas 26 jogos, e foi relembrada em uma reportagem de PLACAR de setembro de 2012, sobre “professores diferenciados”, da seguinte maneira:
Perguntado se repetiria a experiência como treinador, Apolinho não hesita: “Pelo Flamengo, sim. Se me chamarem para pegar no gol, aos 75 anos, eu vou”.
O Flamengo vivia o trauma da perda do Estadual de 1995, com o famoso gol de barriga do então tricolor Renato Gaúcho. E teria de encarar duas competições simultâneas: o Brasileirão e a Supercopa, que reunia os vencedores da Libertadores. O comentarista esportivo Washington Rodrigues, o Apolinho, recebe uma ligação do então presidente Kléber Leite, convidando-o para um jantar. “Eu estava jantando com o Vanderlei Luxemburgo, que havia saído do clube e sido substituído por Edinho”, diz. Diante da insistência, o radialista foi ao restaurante. “Pensei que iam me pedir uma sugestão de técnico.” E foi pensando em Telê Santana, segundo ele, um nome capaz de amenizar o clima, que andava insustentável após uma excursão marcada por desentendimentos no elenco. Era o tempo do “ataque dos sonhos”, com Romário, Edmundo e Sávio.
Depois de muita conversa, os cartolas apresentaram o nome que achavam que deveria assumir o cargo. “Era o meu”, diz. As condições, conta, eram bastante adversas: havia uma espécie de Fla-Flu interno no clube – alguns jogadores e integrantes da comissão tinham vindo das Laranjeiras – e uma chuva de críticas da imprensa e da torcida. Mas Apolinho resolveu encarar. “Não tenho formação de treinador, mas eu achei que podia ajudar com a minha experiência para gerenciar vaidades e conflitos.” Na prática, isso exigiu algumas medidas, como estipular a divisão dos prêmios entre todos. “Minha maior virtude foi chegar dizendo que eu não era técnico”, explica. “Mas procurei me cercar de profissionais competentes para cuidar da parte física, da parte tática. O Artur Bernardes e o Paulo Cesar Gusmão foram meus auxiliares”, diz. Apolinho conta que mostrava vídeos sobre a história do clube para que os jogadores tivessem a dimensão do que significava vestir a camisa rubro-negra. No total, dirigiu o time em 26 jogos, com 11 vitórias, oito empates e sete derrotas. Campanha que inclui o vice-campeonato da Supercopa, título que ficou com o Independiente, da Argentina.*






