Em uma atuação memorável sob forte chuva, o Sousa eliminou o Cruzeiro, na última quarta-feira, 21, na primeira fase da Copa do Brasil. A vitória por 2 a 0 já garantiu a que é a melhor campanha da história do Dinossauro, como é apelidado por um motivo peculiar que PLACAR ajudou a contar há quase 30 anos.

Comandada por Danilo Bala, autor dos dois gols, a façanha levou o nome do time paraibano a destaque nacional. Naturalmente, o escudo do time, que carrega um dinossauro com o dedo polegar levantado, gerou curiosidade. A origem do animal presente no escudo – e que também é o mascote – é uma referência ao Vale dos Dinossauros, sítio paleontológico situado na cidade de Sousa, distante 430 km da capital João Pessoa e com cerca de 70.000 habitantes.

O local que conta com centenas de pegadas fossilizadas de dinossauros é uma das principais unidades de conservação do Brasil. Na edição de abril de 1995, a mesma da histórica capa em que Edmundo segura um ursinho de pelúcia, PLACAR foi conhecer o clube que conquistara seu primeiro título paraibano um ano antes. A reportagem de Sérgio Xavier Filho, com fotos de Ricardo Correa, é embalada pelo sucesso do filme Jurassic Park, dirigido por Steven Spielberg e lançado em 1992.

O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um tesouro de nossos arquivos, aproveita dica da página Velho Futebol no Instagram e reproduz a reportagem abaixo:

https://www.instagram.com/p/C3paXxsAmhS/

Confira a matéria completa, presente na edição 1102 de PLACAR, publicada em abril de 1995:

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JURASSIC SOUSA

Um time de futebol faz
sucesso na cidade em que foram gravadas
pegadas de dinossauros há milhões de anos

Sérgio Xavier Filho

O CAMPO ERA UM LODO SÓ

Rápido como uma ave, o adversário escapa entre os corpulentos zagueiros e tenta ganhar a linha de fundo. Acontece que os dois becões, cada um com 2 metros de altura, são jovens e espertos. O atacante não passa e é devorado ali mesmo em poucos minutos. A jogada, disputada por dois filhotes de Tiranossauro Rex e provavelmente um primo distante dos pássaros, aconteceu há cerca de 110 milhões de anos no interior da Paraíba e só foi reconstituída por paleontólogos nesse século graças a um desses caprichos da natureza que gravou as pegadas na lama. O cenário, abençoado pelo acaso, foi de certa forma amaldiçoado pelo designos geopolíticos.

Centenas de pegadas de Tiranossauros, Estegossauros e Iguanodontes se espalham no município de Sousa, a 430 quilômetros de João Pessoa e a léguas do que se pode chamar de prosperidade econômica. De uns tempos para cá, no entanto, a cidade-que já é um importante ponto no mapa científico mundial escreveu seu nome na galeria do futebol brasileiro. Apenas três anos depois de criado, o Sousa Esporte Clube desafiou a lógica e desbancou os “grandes da Paraíba”. Foi o primeiro clube a vencer o campeonato estadual fora do eixo João Pessoa/Campina Grande. Com o título, o dinossauro verde, como é chamado pela torcida, ganhou o privilégio de disputar a primeira fase da Copa Brasil e ser desclassificado pelo Flamengo de Romário. “Desde que colocamos o dinossauro no emblema do clube, entramos numa grande fase”, diz Aldeone Abrantes, presidente do clube.