Neymar, o jogador mais talentoso e controverso do Brasil nas últimas décadas, está de volta. Prestes a ser anunciado oficialmente como reforço do Santos, o craque de 32 anos é um dos atletas que mais vezes estamparam capas de PLACAR. Uma delas, de outubro de 2012, mostrou Neymar crucificado, o que levantou um acalorado debate sobre religião.

“Chamado de cai-cai, o craque brasileiro vira bode expiatório em um esporte onde todos jogam sujo”, foi a chamada de capa sobre a “Crucificação de Neymar.” A reportagem assinada por Brieller Pires, portanto, ponderava o excesso nas críticas à revelação do Peixe e da seleção brasileira, especialmente por parte da imprensa internacional.

“O melhor jogador brasileiro, estigmatizado pelo rótulo de cai-cai, enfrenta um linchamento hipócrita e demagógico em um esporte que estimula a vitória a qualquer preço”, dizia trecho do texto (ler íntegra abaixo).

A ilustração com Neymar no papel de Jesus Cristo gerou protestos. Na época, A CNBB ( Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) manifestou  “profunda indignação”. A entidade disse reconhecer o princípio da liberdade de expressão, mas considerou que “há limites objetivos no seu exercício.”

Em recente entrevista ao programa PLACAR Entrevista – Lei do Ex, o ex-diretor de redação Sérgio Xavier Filho relembrou a polêmica e voltou a defender a escolha de capa.

“Eu não imaginava que padres ligariam na redação para protestar. É uma prepotência, em um país que deveria ser laico […] Esse termo de crucificação extrapolou o religioso, é o ato de ‘pegar alguém para Cristo’, no sentido de agressividade, de escolher um vilão”, explicou.

O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um tesouro de nosso acervo, reproduz abaixo o texto na íntegra:

Neymar crucificado

O melhor jogador brasileiro, estigmatizado pelo rótulo de cai-cai, enfrenta um linchamento hipócrita e demagógico em um esporte que estimula a vitória a qualquer preço

Breiller Pires

Ilustração Alexandre Jubran

Reta final do primeiro turno do Bra­­sileiro. No CT do Palmeiras, jogadores fazem um rachão às vésperas do jogo contra o Santos. Um dos zagueiros do time des­liza pelo gramado e desarma o atacante com um carrinho, na bola. Seu par­ceiro de zaga não resiste. “Se chegar assim na boneca, vai pra fora”, grita, provocando gargalhadas de companheiros que presenciam a cena. E con­clui: “É só encostar na bo­ne­quinha que ela cai”. Por “boneca” e “bonequinha”, o defensor se referia ao ­rival santista Neymar.