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O despertar internacional do futebol brasileiro

Agir local e ser campeão é importante, mas pensar global e buscar espaço internacional é tão relevante quanto

Por Manoel Flores |
Jogadores da seleção e torcida comemoram vitória na Copa do Mundo -

Jogadores da seleção e torcida comemoram vitória na Copa do Mundo -

Pense global, aja local! Esse mote lançado em campanha publicitária pela Nike nos anos 80 se tornou um mantra do mundo corporativo em um ambiente de negócios cada vez mais globalizado. Como toda indústria poderosa, o futebol não ficou para trás. As grandes competições têm adotado essa premissa e o resultado disso nas últimas décadas impressiona, a ponto de termos um campeonato inglês com retorno financeiro internacional equivalente ao retorno doméstico, com uma Copa do Mundo sendo realizada pela primeira vez no mundo árabe e com investidores internacionais adquirindo clubes ao redor do globo. Nenhum negócio que busca se fortalecer é capaz de virar as costas para a globalização e seus efeitos exponenciais. Nosso futebol, no entanto, passou muitos anos adormecido, mas o que ocorre hoje no futebol brasileiro é algo muito promissor.

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Em 2020, pela primeira vez na história, a CBF reuniu os clubes da Série A e vendeu os direitos internacionais da competição para uma empresa especializada, com a promessa de que a partir daquele movimento o futebol brasileiro começaria, efetivamente, seu processo de internacionalização. É importante observar que, ao longo de toda história, até aquele momento, os direitos internacionais pertenciam ao Grupo Globo.

A principal detentora de direitos do futebol brasileiro tinha sua estratégia no mercado global que passava por seu canal internacional e outras premissas internas. Infelizmente isso não se traduziu no alcance, visibilidade e retorno financeiro tão almejados por clubes e torcedores. Quando esses direitos ficaram disponíveis, e com o movimento da CBF de aglutinar os clubes a fim de explorar o mercado internacional, a empresa 1190, baseada em Miami e com foco exclusivo na gestão e comercialização de direitos esportivos de transmissão, ficou com essa missão. Tendo executivos altamente especializados na área, muitos deles com cargos relevantes em players globais de mídia, a aposta se mostrou acertada logo de início.

Lembro bem das reuniões iniciais que tivemos, enquanto estive na CBF, com os executivos da 1190. A missão inicial era educacional. Precisávamos educar o consumidor internacional e fazê-lo entender o que era o Campeonato Brasileiro. Somente assim poderíamos competir com no mercado global com outras ligas e competições mais consolidadas. Sendo assim, além da produção padronizada dos jogos, vieram os “programetes” de 30 minutos com conteúdo voltado para rivalidades, estádios, histórias e jovens talentos. Tudo para que o cliente final entendesse que o futebol brasileiro não é apenas a amarelinha, tão consagrada, e sim um produto de altíssimo valor agregado.

O resultado do trabalho em apenas três anos de operação é de crescer os olhos. São mais de 2 mil horas de programetes e todos os jogos transmitidos para mais de 150 países e em mais de 12 idiomas. Para efeito de comparação, a competição nacional mais assistida no planeta, a Premier League, está em 212 países tendo começado esse processo no ano de 1992 (quando de sua criação). O caminho de internacionalizar o futebol brasileiro tem na distribuição de seu conteúdo sua estratégia preponderante, mas não a única.

Com o advento das SAFs, estamos observando um fenômeno interessante. Botafogo e Vasco farão pré-temporada fora do país. Semana passada o clube de General Severiano fez dois amistosos na Inglaterra, sendo um contra um clube da Premier League, o Crystal Palace. O Vasco, por sua vez, já agendou dois amistosos em Miami em janeiro, contra River Plate e um clube local, o Inter Miami. É evidente que aqueles que adquiriram ambos os clubes são os grandes responsáveis por essa estratégia e entendem que isso será benéfico em várias frentes, seja nas receitas oriundas desses amistosos, na interação comercial e técnica dessas viagens e até mesmo na experiência dada a atletas e comissões técnicas durante esse período. Importante observarmos os efeitos imediatos dessas iniciativas, mas, sem dúvida, os efeitos a longo prazo serão extremamente benéficos, e quem ganha com isso é o futebol brasileiro. 

Botafogo e Crystal Palace empataram sem gols em amistoso na Inglaterra

Que seja o início de um grande movimento. Que nossos clubes enxerguem a força que possuem dentro e fora do país e que busquem seus espaços. Agir local e ser campeão é importante, mas pensar global e buscar espaço internacional é tão relevante quanto. Quem sabe um dia não teremos a maior Seleção e o maior Campeonato do mundo! É o que acredito!

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