‘Sincerões’, Luís Castro e Vítor Pereira desabafam e admitem erros no país
Na BFExpo, técnicos de Botafogo e Corinthians criticaram a influência externa em seus trabalhos e expuseram bastidores por reflexos de calendário apertado
O técnico português Vítor Pereira, do Corinthians, voltou a causar polêmica por uma declaração. Nesta segunda-feira, 5, ao lado do compatriota Luís Castro, comandante do Botafogo, Pereira surpreendeu ao admitir erro na carga de treino dada aos jogadores na semana de preparação para o confronto diante do Internacional, no último domingo, 5. A equipe empatou por 2 a 2, na Neo Química Arena, com desempenho criticado no segundo tempo.
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“Eu, esta semana, fiz uma c… muito grande. Fiz uma c… muito grande e vou dizer qual foi. Não compartilhei isso com ninguém”, iniciou VP.
“Hoje, ao rever o jogo, percebi, claramente, que com a minha vontade de treinar, a minha vontade de melhorar a dinâmica minha equipe, eu essa semana apanhei uma semana diferente de todas as outras que estavam para trás. Treinei e treinei na intensidade que gosto, não durante muito tempo, mas dei-lhes uma carga que eles não estavam habituados e não tinham há muito tempo. Então, ontem chegamos ao jogo cansados, chegamos ao jogo sem capacidade Tivemos capacidade no primeiro tempo, mas no segundo tempo. Minha responsabilidade. Com experiência que tenho, e depois de anos, mas foi por aquela vontade de melhorar a dinâmica. Hoje revi o jogo e, claramente, reconheço que chegamos cansados ao jogo”, admitiu o treinador.
Na partida, vale dizer, o técnico surpreendentemente não contou com o meia Renato Augusto, vetado por um edema na panturrilha, e teve vertiginosa queda de desempenho no segundo tempo, possibilitando no empate do Inter.
Durante o painel, Vítor Pereira revelou também ter tido problemas de relacionamento com o ex-atacante holandês Robin Van Persie, com quem trabalhou no Fenerbahce na temporada 2015/16. “Meu grande problema até hoje é lidar com gente que não me diz nada, gente que só tem m… na cabeça”, afirmou.
Ele também disse que alguns jogadores “não estão acostumados a ouvir ‘não'”, sem mencionar nomes: “e, quando aparece uma pessoa como eu, que vai lhe dizer não aí gera um conflito. Por isso, quanto mais conheço as pessoas, mais gosto dos animais”, explicou.
Luís Castro, por sua vez, foi enfático ao criticar a forma como as reclamações das arquibancadas repercutem na imprensa.
“Vi torcidas muito apaixonadas e isso gera grandes expectativas. Alguns fatores ficaram aquém do que eu esperava. Algo que me surpreendeu foi o calendário apertadíssimo. Outro fator é a forma como o jogo é avaliado de uma forma muito individual. Nunca tinha visto uma imprensa falar tanto da torcida como se fala no Brasil”, criticou Castro. “Às vezes se fala mais da torcida do que do time que está em campo, sinto que o jogo é o menos importante.”
“Sinceramente, eu não estava preparado para o futebol brasileiro, acompanhava muito pouco o futebol daqui, assistia no sentido de descobrir jogadores. De fato há muita qualidade no futebol do Brasil, mas do ponto de vista tático não há nada de especial. A maioria dos jogos são lentos, sem intensidade, e muitas vezes o jogo se torna completamente descontrolado em função das torcidas”, completou.
Os portugueses brincaram bastante um com o outro ao longo do evento, como por exemplo em relação ao figurino. “Vesti meu terno porque é um evento da CBF, por respeito”, disse Castro. “Já eu vim assim porque sou bonito por natureza”, rebateu o técnico corintiano.
O evento segue até a quinta-feira, 8, e a programação completa dos painéis pode ser conferida no site da Brasil Futebol Expo.