Recorde na Série B, volta e redenção: o que o Cruzeiro ainda busca em 2022
Em reconstrução, equipe mineira pode ter a melhor campanha da história da competição e carimbar retorno à elite após temporadas de sofrimentos
BELO HORIZONTE – Três anos de sofrimento, graves problemas financeiros, um centenário para esquecer no último ano, decepções em série e sete treinadores demitidos no período. O Cruzeiro está perto de, enfim, deixar as recentes marcas negativas para trás e confirmar a volta à elite do futebol nacional.
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Nesta quarta-feira, 21, diante do Vasco, às 21h (de Brasília), no Mineirão, em confronto pela 31ª rodada da Série B, a equipe coloca em campo não só a garantia matemática do retorno em caso de vitória, mas a certeza da própria redenção.
O ano já comemorado por cruzeirenses ainda pode terminar com um recorde absoluto de pontos na competição – que pertence ao Corinthians, campeão em 2008 (entenda melhor abaixo). PLACAR conta como foi a jornada celeste até aqui e o que está em jogo para o lado azul de Belo Horizonte:
Do céu ao inferno (e ao céu novamente)
Extremamente vencedor na última década, em que somou dois títulos do Campeonato Brasileiro (2013 e 2014), dois da Copa do Brasil (2017 e 2018) e quatro campeonatos mineiros (2011, 2014, 2018 e 2019), o Cruzeiro sofreu um inesperado e duro golpe em 2019.
Afundado em grave crise financeira e uma série de escândalos nos bastidores na gestão de Wagner Pires de Sá, foi rebaixado pela primeira vez para a Série B do Campeonato Brasileiro. O processo cível criminal, instaurado em novembro de 2020, segue sendo investigado.
O caso envolve apuração de prática de formação de organização criminosa e apropriação indébita, baseada em possíveis negociações de transferências e renovações de contratos para beneficiar ex-dirigentes do clube, além de empresários.
Afundado em problemas políticos, salários atrasados, impossibilidade de contratar em razão de punições por dívidas e até pontos perdidos, o Cruzeiro fez dois anos de Série B decepcionantes. Em 2020 ficou em 11º, já em 2021 foi o 14º. Em ambas ocasiões os torcedores se assustaram com sequências ruins, que faziam da Série C um fantasma.
O roteiro mudou quando Ronaldo Nazário resolveu investir na SAF (sociedade anônima do futebol) do clube, no final de 2021. Com a promessa de promover uma gestão sustentável financeiramente e devolver o clube às grandes campanhas, o ex-jogador se tornou sócio majoritário do clube.
Redenção, enfim
Pautado em uma gestão de futebol qualificada, Ronaldo e sua equipe, composta por nomes como Pedro Martins, diretor de futebol, e Gabriel Lima, CEO, escolheram um perfil: o até então quase desconhecido Paulo Pezzolano, treinador uruguaio dono de uma mentalidade ofensiva.
A promessa era dar tempo de trabalho para o profissional, diferente do que vinha acontecendo no clube, e priorizar a ideia de jogo. Desde a demissão de Mano Menezes, em 2019, nenhum dos nove nomes que o sucederam (Rogério Ceni, Abel Braga, Adilson Batista, Enderson Moreira, Ney Franco, Luiz Felipe Scolari, Felipe Conceição, Mozart e Vanderlei Luxemburgo) ficou por longo período.
No elenco, significativas mudanças. Jogadores mais caros – e que o clube tinha a intenção de manter – foram convocados para renegociar os salários e débitos. Porém, nem mesmo a idolatria fez o Cruzeiro ceder. Até o goleiro Fábio, ídolo máximo da equipe, foi desligado do plantel.
Meses depois, a reestruturação parece ter sido fundamental. No entanto, a pré-temporada foi de apreensão e algumas críticas da torcida cruzeirense a Ronaldo e companhia.
Série B: expectativa alta para dar adeus
Depois de ficar com o segundo lugar do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro entrou na Série B diferente de todos os outros anos. Pezzolano começava a cair no gosto da torcida, que decidiu, de vez, abraçar o projeto e passar a lotar o estádio. A campanha que une um futebol muito superior ao dos rivais da divisão a excelentes resultado é a realidade atual.
A uma vitória de retornar à primeira divisão, o lado azul de Minas Gerais está em êxtase e com o grito de “Eu voltei!” na garganta, entalado. É assunto em restaurantes, praças e escritórios no país afora.
As ruas de Belo Horizonte, que viram o Atlético Mineiro dominar as festas, especialmente em 2021, já se preparam para receber uma multidão cruzeirense comemorando o acesso.
E até mesmo durante um simples café da tarde no Shopping Diamond Mall, que era do Atlético Mineiro e fica a poucos metros das loja e sede do rival, é impossível contar nas mãos quantas camisas do Cruzeiro são vistas. Se a ansiedade que circula por Minas Gerais tivesse uma cor, nestes dias ela seria azul, certamente.
Mais de 55.000 ingressos já foram vendidos e a casa estará cheia para o jogo contra o Vasco. Não é uma exclusividade da “final” que acontece na 31ª rodada, até porque ver o Mineirão lotado virou rotina, mas apimenta ainda mais a expectativa.
Ronaldo, agora idolatrado pela torcida, está em Belo Horizonte, visitou o último treino antes da partida e estará em um dos camarotes do Gigante da Pampulha.
Outra notícia que deu ainda mais toques de otimismo para o jogo foi a absolvição de Paulo Pezzolano no STJD (Superior Tribunal da Justiça Desportiva). Desse modo, o treinador da campanha histórica ficará à beira do campo.
Recorde? Quem sabe!
Atualmente, o dono da melhor campanha da história da segunda divisão é o Corinthians, quando conquistou a competição em 2008. Na ocasião, o Timão marcou 85 pontos, com um aproveitamento de 74,5%.
O Cruzeiro, a oito rodadas do fim, tem 65 pontos. Para ultrapassar a campanha corintiana, seria necessário vencer pelo menos mais sete jogos. Ou seja, poderia perder apenas um. A missão não é fácil.
Até o fim do campeonato, o Cruzeiro faz quatro partidas jogando em casa, onde está invicto no torneio. Em 15 partidas, foram 13 vitórias e apenas dois empates, o que totaliza aproveitamento de 91% dos pontos. Os próximos rivais em que o time mineiro é mandante são Vasco, Ituano, Guarani e CSA.
Também dono da melhor campanha como visitante, o recorde cruzeirense depende de vitórias fora de seu domínio. Até então, as únicas três derrotas do Cruzeiro na Série B aconteceram longe de Belo Horizonte. Os próximos quatro jogos da equipe fora de casa são contra Ponte Preta, Sport, Vila Nova e Novorizontino.
As melhores campanhas da história da Série B:
1. Corinthians – 85 pontos – 2008
2. Portuguesa – 81 pontos – 2011
3. Palmeiras – 79 pontos – 2013
4. Goiás – 78 pontos – 2012
5. Vasco – 76 pontos – 2009
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