Placar - O futebol sem barreiras para você

Do gramado aos barris: cerveja artesanal, a nova aposta dos boleiros

Time de craques cervejeiros tem Marcos, Zico, Aloísio e Douglas como destaques

Por Luiz Felipe Castro |
Aloísio Chulapa e Rodrigo Parolin posam com a cerveja 'Descubra'

Aloísio Chulapa e Rodrigo Parolin posam com a cerveja ‘Descubra’

O fim da carreira de jogador, definido pelo ex-craque Paulo Roberto Falcão como “a primeira morte”, geralmente representa uma confusão na vida dos boleiros. A angústia sobre o que fazer depois de tantos anos suando a camisa nos gramados e altas doses de adrenalina acomete a maioria dos atletas aposentados e muitos deles seguem atrás da bola, como treinadores, dirigentes, empresários ou olheiros. Atualmente, há uma nova tendência: a aventura no ramo da cerveja – uma velha companheira dos tempos de glória da maioria deles. O primeiro time de craques dos copos espumantes tem Zico, Marcos, Aloísio Chulapa, Bolivar e Douglas (este último ainda em atividade, pelo Grêmio).

“Não preciso nem dizer por que resolvi lançar as minhas cervejas né?”, brinca o irreverente Aloísio, ídolo são-paulino, que aproveitou da fama de bebedor que construiu nas redes sociais e batizou o seu “danone” (como se refere a cerveja) de Descubra, um de seus inúmeros bordões usados no Instagram, onde tem mais de 390.000 seguidores.

Cervejas Maestro 10 e General Landsberg/Divulgação

A bebida lançada recentemente em São Paulo com a presença de amigos como Luizão e Diego Lugano, é produzida pela cervejaria Lands Craft-Beer, de Caxias do Sul (RS) e tem dois tipos, Pilsen e American Pale Ale (APA), com preços que variam de 8 a 19 reais, dependendo do estilo e tamanho da garrafa. Em breve, a Descubra chegará a grandes mercados de São Paulo.

Antes, a marca gaúcha já havia lançado cervejas para ídolos de Grêmio e Inter: a pioneira Maestro 10, do meia tricolor Douglas, e a General, do ex-zagueiro Bolívar. “Fizemos parceria com o Douglas e depois tínhamos de ter alguém para equilibrar, porque a rivalidade em Porto Alegre é muito forte. Não poderíamos ficar marcados como uma cervejaria gremista, e buscamos o Bolívar, um ícone do Inter”, contou Rodrigo Parolin, fundador da cervejaria.

Parolin revela que o trio participou da escolha e criação das cervejas. “Eles visitaram a fábrica, fizeram uma degustação, deram pitacos e escolheram quais estilos de cerveja queriam associar a seus nomes.” A Maestro 10 vem nos tipos Pilsen, Weiss e IPA; e a General, Pilsen, Red Lager e APA. Segundo Parolin, as vendas têm crescido e a empresa já produz cerca de 20.000 litros por mês com os rótulos dos boleiros. O modelo de negócios é o mesmo: o jogador que empresta o rosto aos rótulos fica com uma porcentagem do lucro.

Marcos e Zico: Cerveja FC

Ídolos ainda mais consagrados também apostaram no ramo das geladas e não apenas na venda avulsa, mas na criação de um “clube de cerveja”. O ex-goleiro Marcos, do Palmeiras e da seleção brasileira, lançou em 2017 o Clube 12. Por uma mensalidade de 99,90 reais, os fãs do goleiro recebem um kit com duas cervejas diferentes por mês, com autógrafos e outros brindes, além da chance de ser sorteado para um encontro com o goleiro do pentacampeonato mundial.

Deixando de lado o perfil “pacato”, Marcos turbinou suas redes sociais para dar força às vendas da bebida, produzida pela cervejaria Walfanger, de Ribeirão Preto. Deu certo: limitado a 12.000 assinantes, o Clube 12 encerrou suas primeiras vendas em poucos meses.

Zico, o herói máximo dos flamenguistas (que também trabalha como comentarista), seguiu o mesmo caminho e lançou em fevereiro o Clube Zico Art Beer, com uma imagem de seus tempos áureos, na década de 80, nos 12 rótulos disponíveis. A mensalidade custa 89,90 reais.

Ronaldinho e Iniesta vão de vinho

Dois ídolos do Barcelona também investem no mercado de bebidas alcoólicas: o espanhol Andrés Iniesta e Ronaldinho Gaúcho possuem suas linhas próprias de vinhos. O jogador da seleção espanhola leva o trabalho mais a sério: seu pai produzia vinhos desde a década de 90 e fundou a Bodega Iniesta em 2010, ano em que o meio-campista marcou o gol do título mundial da Espanha. A vinícola de Iniesta, localizada na cidade de Fuentealbilla, tem 200 hectares e produz mais de 1 milhão de garrafas por ano, além de queijos e azeites.

O vinho, inclusive, deve acelerar a ida do ídolo do Barcelona ao futebol chinês: segundo diversos jornais espanhóis, o acordo com o Tianjin Quanjian, que deve ser assinado no segundo semestre, prevê a expansão do negócio familiar – o jogador espera vender 2 milhões de garrafas na Ásia. Uma garrafa do vinho da Bodega Iniesta custa de 4,51 euros (18 reais) a 20,40 euros (80 reais), de acordo com o site oficial.

E o boêmio Ronaldinho pegou carona na nova tendência. Ele é um de onze atletas a assinar uma linha dos “Vinhos dos Campeões” da vinícola italiana Fábio Cordella, de Salento, na região de Puglia, no sul da Itália. O brasileiro terá três tipos de vinho em sua homenagem, intitulados de R-ONE: um tinto (de uva primitivo), um rosé (negroamaro) e um branco (chardonnay). Outros três jogadores já assinam vinhos com Cordella: o holandês Sneijder, que assina a linha Wesley SneijderGianluigi Buffon, a linha Buffon; e Iván Zamorano, que assina a linha El Gran Capitán.

Ronaldinho Gaúcho mostra vinho assinado por ele Reprodução/Twitter
Continua após a publicidade
Sair da versão mobile