Placar - O futebol sem barreiras para você

Rato e aposentadoria: o ato final de Carpini como jogador

Novo técnico do São Paulo viveu na Caldense as últimas experiências antes da carreira como técnico; PLACAR relembra histórias

Por Klaus Richmond |
Carpini, ainda jogador, fez 12 jogos pela Caldense em 2017 - Luciano Santos/Mantiqueira/Caldense

Carpini, ainda jogador, fez 12 jogos pela Caldense em 2017 - Luciano Santos/Mantiqueira/Caldense

Aos 39 anos e na melhor fase da curta carreira como treinador, Thiago Carpini viveu em 2017 os últimos momentos como jogador de futebol. Foi na Caldense, quase centenária equipe do sul de Minas, que o novo comandante escolhido pelo São Paulo decidiu encerrar repentinamente o próprio ciclo como atleta, com apenas 32 anos.

A passagem de seis meses do então volante e zagueiro pelo clube mineiro foi curta – durou só 12 partidas e não teve gols -, mas reúne histórias curiosas.

Na Veterana, além de uma decisão surpreendente de aposentadoria, Carpini gostava de dar conselhos táticos ao treinador Thiago Oliveira, fez uma assistência elogiada para um gol de Wellington Rato, então somente Wellington, que será seu comandado no Tricolor, e conquistou uma vitória nos acréscimos graças a invasão de campo de um cachorro. PLACAR relembra:

Volante, zagueiro e… professor Carpini

Apresentado em 5 de dezembro de 2016, Carpini chegou ao clube afirmando exercer mais de uma função em campo: “Sempre joguei como volante que protege a frente da área, mas nas últimas temporadas eu estava jogando como zagueiro. Portanto, tenho condições de ajudar nessas duas posições”, disse ao Jornal Mantiqueira na ocasião.

No clube mineiro, também eram constantes as conversas com o técnico Thiago Oliveira, ex-atacante formado no São Paulo e com longa carreira no futebol, para ajustar a equipe.

Carpini foi capitão e camisa 5 da Caldense – Luciano Santos/Mantiqueira/Caldense

“Sempre conversamos muito sobre tática, mas muito mesmo. Ele é muito inteligente e era só o meu terceiro ano de trabalho como treinador, então criamos uma abertura para debater alguns posicionamentos em campo. O Carpini já estudava, já tinha interesses muito além do que os jogadores costumam ter”, disse Oliveira à PLACAR.

A equipe terminou na quinta colocação no Campeonato Mineiro, apenas dois pontos atrás de URT e América Mineiro, classificados entre os quatro primeiros colocados da primeira fase.

Aposentadoria inesperada

Eliminada do estadual e da Copa do Brasil, a Caldense iniciou a disputa da Série D do Brasileiro em maio. Dias após a derrota para o Red Bull Brasil, em Campinas, pela segunda rodada da competição, ele pediu o desligamento alegando motivos pessoais, segundo o clube. Carpini era titular e capitão do time. Foi em 27 de maio de 2017 o último ato como jogador.

“Quando começamos a Série D, ainda no segundo jogo, ele me chamou reservadamente junto com o meu auxiliar, o Juninho, para informar que deixaria o futebol. Nunca me abriu o real motivo, mas nos pegou de surpresa porque nesse mesmo jogo foi ele que tomou frente de tudo para cuidar da logística da equipe. Conhecia muitas pessoas em Campinas, tinha essa característica de liderança”, explica Oliveira.

Atualmente técnico, Carpini tinha 32 anos quando se aposentou do futebol – Luciano Santos/Mantiqueira/Caldense

Apesar de ter no currículo passagens por clubes como Atlético Mineiro, Bahia, Ponte Preta e Guarani, Carpini construiu a carreira em equipes de menor expressão como Penapolense, Monte Azul, Rio Branco-ES, São José-RS, Novo Hamburgo-RS e outras. Foram 14 no total, de 2005 a 2017.

Em entrevista ao programa Lente Esportiva ABC, durante a passagem como treinador do Santo André, em 2021, ele confessou ter sido atrapalhado por lesões: “tive muitos problemas com lesão. Na reta final, já pensava em permanecer no futebol após parar de jogar, mas não sabia em qual função ainda”, afirmou na ocasião.

Carpini e Wellington

No São Paulo, Carpini reencontrará um velho conhecido dos tempos de Caldense: o meia-atacante Wellington Rato. A dupla atuou em dez partidas entre o Campeonato Mineiro daquele ano e a Série D, com destaque para um gol diante do Cruzeiro, no Mineirão, que viralizou nas redes sociais.

O então camisa 5 lançou com precisão ainda no campo de defesa, encontrando Rato livre para definir por cobertura, sem chances de defesa para o goleiro Rafael. Todos se encontrarão novamente no Morumbi.

Rato chegou naquele ano por indicação do técnico Thiago Oliveira, que havia trabalhado com o jogador na passagem pelo Dom Bosco-MT, quase três anos antes.

Cachorro-herói

Na Caldense, depois da estreia diante da URT no Mineiro, Carpini acompanhou do banco de reservas um fato um tanto quanto inusitado na primeira vitória da equipe: um cachorro-herói. Aos 44 minutos do segundo tempo, o animal invadiu gramado do estádio Ronaldão para mudar o rumo da partida.

Na ocasião, bombeiros precisaram ser acionados para tentar retirá-lo de campo. Após muita dificuldade e morder duas pessoas, segundo relatos da Rádio Mantiqueira FM, o confronto foi retomado.

A invasão rendeu dez minutos de acréscimos e tempo suficiente para o gol da vitória, marcado por Rafael Estevam aos 53.

Pedra no sapato

Se Carpini ganhou fama na campanha com o Água Santa no Paulistão por atrapalhar a vida dos gigantes, também provou parte do mesmo sucesso nos últimos momentos como jogador.

Pela Copa do Brasil, o time do sul de Minas Gerais perdeu por 1 a 0 do Corinthians, que seria campeão Paulista e Brasileiro no mesmo ano. O jogo foi decidido com um gol do meia Rodriguinho.

Diante do América-MG, empate por 2 a 2 no estádio Ronaldão – Luciano Santos/Mantiqueira/Caldense

Com os grandes do estado, empate por 2 a 2 com o América Mineiro, vitória por 2 a 1 diante do Atlético Mineiro e derrota pelo mesmo placar para o Cruzeiro, no Mineirão, com dois gols do volante Henrique.

Para fazer parte da nossa comunidade, acompanhe a Placar nas mídias sociais.

Sair da versão mobile