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Os momentos de horror do jogador Bernardo nas mãos de traficantes

Meia do Vasco negou agressão, mas contou a tortura psicológica a que foi submetido em favela no Complexo da Maré, com a mulher do chefe do tráfico

Por Leslie Leitão |
Jogador Bernardo, do Vasco, prestou depoimento na 21ª DP

Jogador Bernardo, do Vasco, prestou depoimento na 21ª DP

A tortura a que o jogador Bernardo, do Vasco, foi submetido em uma favela do Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, foi psicológica – e não física. Pelo menos foi o que afirmou ele em depoimento na 21ª DP (Bonsucesso), nesta segunda-feira. O meia negou ter sido espancado, mas admitiu que foi capturado e chegou a ficar pelado enquanto era humilhado pelos traficantes. A polícia ainda investiga o caso.

O relato do atleta foi o mesmo descrito aos dirigentes do clube e a sua ex-mulher, Laila Fonseca, com quem tem três filhos. Com uma arma apontada para sua cabeça, Bernardo rodou de carro por mais de uma hora, até chegar a uma casa no alto do morro. Quem o ameaçava dentro do veículo era o chefão do tráfico local, Marcelo Santos das Dores, conhecido como Menor P. ou Astronauta. Ele desconfiava que o jogador estaria tendo um caso com Dayana Rodrigues, uma de suas mulheres.

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Ela também foi punida: levou sete tiros, nas pernas e no pé esquerdo. Bernardo estaria próximo ao local onde ela foi baleada. Mas à polícia, amedrontada, a família dela disse que a jovem de 23 anos foi vítima de “balas perdidas” – sim, sete. Detalhe: o pai, a mãe e a irmã de Dayana estavam acompanhados pelo advogado de Menor P., Nilson Lopes dos Santos.

Nesta segunda, Bernardo afirmou que nunca havia visto a jovem de 23 anos. O delegado José Pedro Costa, que interrogou o atleta por cerca de duas horas, recusou-se a dar qualquer detalhe sobre o conteúdo do depoimento. Segundo o advogado Elvis Paes, o meia vai se pronunciar publicamente sobre o caso nesta terça-feira, por meio de nota ou em uma entrevista coletiva.

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O caso – Desconfiado de que Bernardo e Dayana estariam tendo um caso, Menor P. determinou que os dois fossem levados a uma casa na Vila do João, onde foram submetidos às sessões de tortura. Baleada, Dayana foi encaminhada ao Hospital Souza Aguiar, onde ficou internada por quatro dias.

Outros dois jogadores também devem prestar esclarecimentos à polícia: Wellington Silva (Fluminense) e Charles (Palmeiras) – este último, em viagem ao México para um jogo da Libertadores de seu time. A polícia quer saber qual dos atletas, criados no Complexo da Maré, foi “a voz da consciência” que intercedeu junto a Menor P. para evitar a morte de Bernardo e Dayana.

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