O presidente da Federação Catarinense de Futebol e vice-presidente da CBF, Delfim Peixoto, disse na tarde desta quinta-feira ter intenção de recorrer à Justiça para anular a assembleia geral extraordinária da entidade, convocada pelo presidente Marco Polo Del Nero para daqui uma semana com o objetivo de aprovar mudanças no estatuto. Ele está revoltado com a proposta de alterar o artigo que garante ao vice-presidente mais velho o direito de assumir o comando caso o presidente deixe o cargo.
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“Se essa ideia persistir, eu vou ter de tomar providência. Espero que os presidentes de federação reflitam e não permitam tal mudança. Mas se for preciso, apesar de saber que é muito difícil anular uma assembleia de uma entidade, vou recorrer a uma ação judicial”, disse Peixoto. Ele acredita que não haverá tempo hábil de impedir na Justiça a realização da assembleia, marcada para a próxima quinta-feira. Mas depois pretende agir para conseguir judicialmente sua anulação.
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Peixoto, de 79 anos, é o vice mais velho e pelo estatuto atual assumirá o poder da CBF em caso de saída de Del Nero. Mas o atual presidente não quer que isso ocorra e articula mudança estatutária pela qual caberia aos vice-presidentes escolherem, em votação, quem será o mandatário. Atualmente a CBF tem quatro vices, pois José Maria Marin, preso da Suíça por corrupção a partir de investigação feita pelo FBI, está afastado de suas funções. Os outros três são Fernando Sarney (filho do ex-presidente Sarney), Gustavo Feijó e Marcus Vicente.
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Del Nero não quer que Peixoto fique em seu lugar, caso renuncie, e está trabalhando para que o posto seja assumido pelo vice-presidente para a região Centro-Oeste, Marcus Vicente, deputado federal pelo Partido Progressista (PP) do Espírito Santo e ex-presidente da Federação Capixaba.
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Peixoto definiu como “estranha” a iniciativa de Del Nero de convocar a assembleia. “Ele diz que não fez nada errado, que não vai renunciar. Então, acredito nele. Mas se não vai sair, por que convocou essa assembleia? É muito estranho. Tem gato nessa tuba.” Ele também está irritado porque Del Nero convocou vários presidentes de federação para um reunião na terça-feira, na sede da CBF, para discutir as mudanças no estatuto. Ele não foi convidado.
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“Quando o Ricardo Teixeira saiu e o Marin assumiu por ser o vice mais velho, o estatuto valeu. Inclusive, agradou muito ao Del Nero. Agora, na minha vez, não vale? Por quê? É isso que ele terá de me explicar, cara a cara, na assembleia de quinta-feira.” O catarinense disse saber que Del Nero jamais gostou dele. “Ele me disse que eu incomodava por duas coisas: por ser independente, falar o que penso, e por dar entrevistas. Acha que só ele deve ter contato com os jornalistas.”
O catarinense garantiu também que a alteração do estatuto que limita o mandato do presidente da CBF a quatro anos com apenas uma reeleição já era algo decidido faz tempo. “Isso a Fifa vai fazer, a MP do refinanciamento da dívida pede e nós, presidentes de federação, já havíamos concordado com a mudança. Não há nenhuma novidade.”
(Com Estadão Conteúdo)