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Tênis: Félix Auger-Aliassime caminha rápido para o topo

A ‘explosão’ do atleta canadense de 18 anos começou no Brasil nesta temporada

Por Danilo Monteiro |

O tenista canadense Felix Auger-Aliassime durante partida contra o uruguaio Pablo Cuevas, em partida válida pelas semifinais do Rio Open 2019 – 23/02/2019

Pouco menos de uma hora depois de sair da quadra de saibro do Ginásio do Ibirapuera, com uma vitória sobre o espanhol Albert Ramos-Viñolas, nas oitavas do Brasil Open 2019 – no fim de fevereiro -, o canadense Félix Auger-Aliassime, de 18 anos, tinha um plano bem objetivo a prazo mais que curto: fortalecer físico e mente nos longos jogos no saibro para enfrentar os melhores do ranking em torneios Masters 1000, que sempre trazem nas chaves os melhores do circuito.

Ainda sem imaginar o que viria nas semanas seguintes, nos Masters 1000 de Indian Wells e Miami, Aliassime já se sentia recompensado pelo esforço. “Com certeza é minha melhor fase. Para um jogador da minha idade, furar o top 100 mundial é um passo muito grande. E me diverti muito com a torcida brasileira. Espero chegar cada vez mais longe”, disse o número 58 do ranking em São Paulo. Pois chegou…

Nas quadras duras de Indian Wells, sob calor sufocante, Aliassime não se intimidou diante de outro jovem tenista, o grego Stefanos Tsitsipas, número 10 do ranking, de 20 anos. Depois de eliminar na primeira rodada um jogador vindo do qualifying, Aliassime aplicou 6/4 e 6/2 sobre Tsitsipas, em sua primeira vitória sobre um jogador entre os 10 melhores do planeta. Na rodada seguinte, desperdiçou boas chances de passar por Yoshihito Nishioka, número 64 do ranking. mas isso não tirou seu foco e sua vontade.

Chegou a Miami, no complexo Hard Rock Stadium, como uma das novas estrelas em rápida ascensão. Passou pelas partidas classificatórias até chegar à semifinal, em que enfrentará nesta sexta-feira, 29, o americano veterano John Isner, cabeça 7 do torneio, especialista em saque e voleio, e com 15 anos a mais que o canadense. Só de entrar em quadra contra Isner, Aliassime deve ficar na posição 33 no ranking. Se vencer, sobe mais ainda. Só para efeito estatístico, o canadense venceu todos os cinco jogos que fez com tenistas colocados entre os 20 melhores do ranking.

Sonho: vencer um Grand Slam

“Quero continuar evoluindo, jogando bem e me tornar mais consistente. Ainda não coloquei nenhuma posição no ranking como objetivo. Por enquanto, o que mais quero é vencer. Meu sonho é ganhar um Grand Slam e me tornar número 1 do mundo. Mas é algo além da simples vitória, é mais sobre viver as sensações de vencer. Ganhar uma Copa Davis ou grandes torneios é algo que dinheiro nenhum no mundo consegue comprar. Quero sentir essas emoções”, disse, em São Paulo.

O atleta aprendeu a jogar tênis com o pai, Sam Aliassime, do Togo, e atribui boa parte da força mental à mãe, Marie Auger. nascida no Canadá. Com 1,91 metro, o movimento cadenciado do seu saque contrasta com seus golpes potentes, e costuma ficar próximo aos 200 km/h. Além do bom saque, tem jogo sólido do fundo da quadra. “Sempre tive mais maturidade do que as crianças da minha idade. Acho que a boa relação com meus pais e com meus treinadores me ajudam a navegar por todas as situações em quadra sem me sentir tão pressionado.”

A rotina pesada do circuito mundial não dá muito tempo de descanso aos jogadores, mas Aliassime aproveita as raras folgas para tocar piano. “Gosto de relaxar assistindo a filmes, lendo e vendo TV. Mas meu hobby favorito é tocar piano quando estou em casa. Comecei aos 7 anos, gosto de músicas clássicas, mas fui parando por causa da rotina de viagens.”

A queda pela música e o exemplo dos pais dão ao tenista uma ideia do que pode vir pela frente. “Se não fosse tenista, talvez me tornasse um artista ou algo nessa área. Meu pai é professor de tênis e minha mãe é professora, então também penso em fazer algo para devolver às pessoas as minhas experiências e conhecimentos. Tenho vontade de fazer algo que envolva ensinar ou treinar crianças.”

Sem praia no Brasil

A explosão de Aliassime na temporada começou no Brasil, onde ele aproveitou alguns momentos fora de quadra, no Rio Open, um ATP 500, em que foi vice-campeão, e depois em São Paulo, quando saiu do torneio nas quartas. “Minha experiência foi muito boa. Não conhecia muito da América do Sul. Fui ao Peru uma vez e passei uma semana em Buenos Aires, na Argentina. O Rio de Janeiro é uma cidade bem diferente das que conheci. Gostei muito do clima. As praias e a cidade são lindas. As pessoas estão sempre relaxadas e felizes, gosto disso. Caminhei na praia mas não entrei no mar por falta de tempo”.

Aliassime, no Brasil Open Van Campos/Fotoarena/Folhapress

Dentro de quadra, divide bons momentos com outro canadense que tem encantado o circuito, Denis Shapovalov, número 23 do mundo, de 19 anos. Os dois são amigos próximos e têm uma rivalidade saudável. “Somos adversários,  queremos ganhar. Mas depois da partida conversamos e saímos para jantar”.

Caso avance à final no Master 1000 de Miami, Aliassime poderá enfrentar um de seus maiores ídolos: o suíço Roger Federer. “Tenho vários ídolos. Um deles é o francês Jo-Wilfried Tsonga (ex-top 10), porque tem um jogo similar ao meu. Mas há os grandes exemplos como Rafael Nadal, Novak Djokovic e Roger Federer, jogadores incríveis. É sempre obrigatório citá-los”.

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