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Oposição quer adiar eleição para vice da CBF e evitar manobra de Del Nero

Dirigentes do Nordeste apontam irregularidades no pleito, que deve eleger o coronel Antônio Carlos Nunes para a vaga deixada por José Maria Marin

Por Da Redação |
Marco Polo Del Nero durante a convocação da seleção brasileira para os primeiros jogos das eliminatórias para a Copa de 2018, na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (17)

Marco Polo Del Nero durante a convocação da seleção brasileira para os primeiros jogos das eliminatórias para a Copa de 2018, na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (17)

A crise política na CBF cresce cada vez mais neste fim de ano. A possibilidade de o coronel Antônio Carlos Nunes assumir a vice-presidência da entidade foi vista como uma manobra política do presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, e provocou uma rebelião de dirigentes do Nordeste. Opositores de Del Nero já se articulam para ir à Justiça e impedir o pleito, marcado para o dia 16, que elegerá o sucessor de José Maria Marin – que renunciou a uma das quatro vagas de vice-presidente por estar suspenso e cumprindo pena de prisão domiciliar, acusado de corrupção. O caso já vem sendo investigado pelo Comitê de Ética da Fifa.

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Del Nero pediu licença da CBF na semana passada, após ser acusado pelo FBI de corrupção. Hoje o presidente interino da entidade é o deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), que só assumiu o cargo porque Del Nero pediu licença e, assim, pôde indicar um dos vices que o substituiria. Em caso de renúncia, no entanto, o estatuto determina que o vice mais velho assuma a presidência. É aí que entra a manobra política de Del Nero.

Na última sexta-feira, Marcus Vicente convocou as eleições para o cargo de vice e no mesmo dia foi lançada a candidatura do coronel Antônio Nunes, presidente da Federação Paraense de Futebol. O dirigente tem 77 anos e passaria a ser o vice mais velho da entidade. O plano é impedir que Delfim de Pádua, que tem 74, assuma o poder. Delfim é presidente da Federação Catarinense e opositor ferrenho de Del Nero.

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Membros da Fifa indicaram que estão analisando o caso e querem saber se a convocação de eleições nas atuais condições viola ou não o estatuto da CBF. Um dossiê sobre o caso foi montado e está sendo avaliado pela alta cúpula da Fifa. Uma das punições possíveis é a suspensão da CBF do futebol internacional caso fique provado que a eleição ocorreu de forma irregular.

O comitê tentará avaliar o caso antes da próxima quarta-feira, data marcada para as eleições na CBF, e pode optar até por banir Del Nero do futebol. Hoje, já está em curso um processo contra o cartola brasileiro por “sérias violações do código de Ética da Fifa”, de acordo com o órgão.

Revolta – A manobra provocou irritação em um grupo de dirigentes antes ligados a Del Nero. Gustavo Feijó, outro vice-presidente da CBF e representante da região Nordeste, cobrou na segunda-feira uma posição da diretoria da entidade sobre a situação do Marin. Sem resposta, no dia seguinte ele e mais sete presidentes de federações enviaram uma carta à CBF pedindo o cancelamento da eleição. Agora, ameaçam ir à Justiça para impedir que o coronel Nunes assuma o cargo.

No entendimento dos dirigentes, Marin está afastado por decisão da Fifa, mas sem condenação criminal transitada em julgado. Por isso, seu afastamento é temporário. “Essa eleição é ilegal. Ela pode até acontecer, mas não tenho dúvida de que vai acabar na Justiça”, disse o presidente da Federação Baiana, Ednaldo Rodrigues, um dos líderes do movimento que pede o cancelamento da eleição.

Nesta quinta-feira, os presidentes de federações foram comunicados de que Marin enviou, de sua residência em Nova York, onde cumpre prisão domiciliar, uma carta de renúncia à CBF no dia 27 de novembro. Segundo Rodrigues, o documento não é suficiente para dar garantias legais à eleição. “Essa carta deveria ter vindo a público antes da convocação da Assembleia Geral que vai eleger o novo vice-presidente. A eleição é ilegal porque foi convocada com o cargo ainda ocupado. De nada adianta dizerem somente agora que o Marin renunciou. O erro foi feito lá atrás”, disse Rodrigues.

Após mudança no estatuto, o colégio eleitoral da CBF passou a ser formado pelos presidentes das 27 federações e dos 40 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. A entidade está dividida atualmente. “Sou de um grupo que vê as irregularidades e fala. Tem um a ala que vê, mas prefere ficar quieta, enquanto outros dirigentes infelizmente não enxergam nada”, diz Rodrigues. Nesta semana, os presidentes dos principais clubes de São Paulo se reuniram na sede da Federação Paulista de Futebol e informaram que votarão em coronel Nunes na eleição do dia 16.

(com Estadão Conteúdo)

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