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Neymar: genioso e genial

Controverso, atacante brasileiro está imune a um questionamento: sua qualidade em campo

Por Fernando Beagá |

A chegada de Neymar ao Paris Saint-Germain (PSG), em agosto de 2017, causou alvoroço a ponto de o presidente francês, Emmanuel Macron, celebrar publicamente a “boa notícia”. Sobre o atacante, negociado por assombrosos 222 milhões de euros, a responsabilidade de conduzir seu novo clube a um inédito título da Liga dos Campeões. Ele viu na mudança a oportunidade de sair da sombra de Lionel Messi, no Barcelona, e assumir o protagonismo necessário para postular o título de melhor jogador do mundo, essa exagero midiático que ilude craques há tempos. Neymar comprou a ideia na qual seu ídolo, Robinho, acreditou quando trocou o Santos pelo Real Madrid, em 2005.

Os torcedores franceses, com seu humor peculiar, não demoraram a dividir o entusiasmo pelo novo ídolo com a implicância. Afinal, no pacote de Neymar não há somente belas jogadas. Vêm junto as entrevistas insossas, as afetações de popstar e o comportamento mimado. No mês seguinte a sua chegada, já instalava uma disputa interna com o uruguaio Edinson Cavani sobre quem bateria os pênaltis. A celeuma se arrastou até janeiro deste ano, quando o camisa 10, estabelecido como cobrador do time, não ouviu os apelas da torcida para que cedesse o chute ao colega, a um gol de se tornar o maior artilheiro da história do PSG. Vaias para o brasileiro.

Neymar Jr. — identificação que faz questão de ter na camisa, referência ao nome do pai e gestor de sua carreira —, segundo a imprensa francesa, não assimilou os apupos. Sua insatisfação esquentou o noticiário sobre um suposto desejo de retorno à Espanha. Para o Real Madrid, rival do Barcelona… Mais barulho, somente abafado pelo reatamento do namoro com a atriz Bruna Marquezine, monitorado com euforia pelos fãs da dupla desde 2013.

Entre controvérsias e gols, Neymar conduzia o galope do PSG rumo a seu sétimo título nacional. A ambiciosa busca pela Liga dos Campeões teve pelo caminho o Real Madrid nas oitavas de final. O duelo pessoal com Cristiano Ronaldo foi exaltado, como se o brasileiro ainda precisasse de um carimbo de craque. Discreto, viu o português ser decisivo na vitória madrilenha por 3 a 1. Não pôde se redimir na volta: fraturou o quinto metatarso do pé direito, em 25 de fevereiro, pela 27ª rodada do campeonato francês. Fim da linha para seu clube (derrotado de novo pelo Real) e apreensão no Brasil. Voltará a tempo de disputar a Copa do Mundo? Na memória, o 7 a 1 para a Alemanha, quando, também contundido, não jogou.

Esse receio transformou em evento a cirurgia, no hospital Mater Dei, em Belo Horizonte (base do médico da seleção brasileira, Rodrigo Lasmar). Imprensa e torcedores em vigília pelo sucesso do procedimento. Por trás da audiência que o personagem gera, o motivo mais relevante: Neymar é fundamental, todos o querem em campo. Até os adversários, pelo deleite de vê-lo jogar. Por mais que o técnico Tite tenha bons antídotos para sua ausência — ao contrário de Felipão, em 2014 —, a história das Copas ensina que jogadores diferenciados conduzem times campeões. Pelé (1958 e 1970), Garrincha (1962), Romário (1994) e Ronaldo (2002) que o digam.

Aos 26 anos (nascido em Mogi das Cruzes, em 5 de fevereiro de 1992), Neymar já soma 53 gols pela seleção. É provável que supere Romário (56), Zico (66), Ronaldo (67) e Pelé (95). Mais importante do que os números: ele sabe o potencial que tem. Ganhou a Libertadores da América pelo Santos com apenas 19 anos. Dividiu com Messi a artilharia da Liga dos Campeões 2014/2015, conquistada pelo Barcelona. Sua primeira temporada na França foi interrompida com 28 gols em trinta jogos. Nenhuma polêmica supera o talento de Neymar.

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