Placar - O futebol sem barreiras para você

Na disputa entre potenciais Bolas de Ouro, Mbappé deixa belgas para trás

Com arrancadas e jogadas de efeito, e uma final de Copa pela frente, atacante de 19 anos superou Hazard e De Bruyne e pinta como craque do futuro

Por Luiz Felipe Castro |

O caçula eclipsou De Bruyne e Hazard

SÃO PETERSBURGO – Além de um lugar na final da Copa do Mundo, o máximo que um futebolista pode (ou deveria) almejar, a vitória da França sobre a Bélgica por 1 a 0 nesta terça-feira pode ter sido decisiva para os rumos das próximas premiações de melhor jogador do mundo. Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, que se revezaram no trono na última década, fizeram mais uma temporada excepcional por clubes – melhor para o português que se despediu do Real Madrid com mais uma Champions League no currículo – e jamais convém duvidar deles, mas a tendência natural é que passem o bastão a craques mais jovens nos próximos anos. O jogo desta fria noite em São Petersburgo apresentou quatro potenciais candidatos, talvez até já para este ano: e o caçula Kylian Mbappé (19 anos) levou a melhor sobre o compatriota Antoine Griezmann (27)e os belgas Kevin De Bruyne (27) e Eden Hazard (27).

O jogo foi decidido, mais uma vez, na bola parada, gol de Samuel Umtiti, após cobrança de escanteio. Mas foi o jovem Mbappé, cujas arrancadas já são comparadas às de Ronaldo Fenômeno, quem iluminou o jogo dos franceses. Os ‘Bleus’ entrarão como favoritos na decisão do dia 15, em Moscou, contra Inglaterra ou Croácia, e, caso siga brilhando, Mbappé pode conseguir algo ainda mais valioso que qualquer premiação da Fifa ou da revista France Football: o protagonismo na Copa antes dos 20 anos, algo que só Pelé conseguiu, aos 17, há seis décadas, na Suécia.

Logo no primeiro lance, Mbappé mostrou sua melhor credencial: a arrancada com velocidade e habilidade. O lépido Hazard também exibiu todo o seu repertório na primeira etapa, com dribles, arrancadas e um chute que por pouco não encontrou as redes, interceptado pela testa de Raphael Varane. De Bruyne é um craque de outra estirpe: elegante, direto, sem firulas. Tem uma capacidade impressionante de passar a bola aos colegas no ponto futuro, sempre no local exato, milimetricamente. Mas assim como Griezmann, o carrasco do Brasil nas quartas de final – desta vez não jogou de “falso 9”, mas aberto pelas pontas – foi bem marcado e não deu mais que algumas mostras de seu talento, com bons passes e cruzamentos.

Tabela completa de jogos da Copa do Mundo 2018

 

Nos lances em que brilharam no primeiro tempo, os quatro novos craques não contaram com a colaboração dos colegas. Com um toque esperto de primeira, Mbappé deixou Olivier Giroud em ótimas condições, mas o centroavante canhoto, que segue em branco na Copa, desperdiçou. O quarteto distribuiu alguns toques de letra e jogadas de efeito, mas sem grande efetividade, diante de muita marcação em um bonito xadrez tático.

No complemento, no entanto, Mbappé desequilibrou a disputa, não apenas com lindas arrancadas, mas com um toque de calcanhar, de incrível perspicácia, que deixou Giroud frente a frente com Courtois. Mais uma bela defesa para o belga e mais um gol perdido para o francês no duelo de jogadores do Chelsea. Hazard seguiu tentando decidir o jogo e voltar à briga. Em seu melhor lance, no qual enfileirou marcadores até ser derrubado por Blaise Matuidi, foi incrivelmente prejudicado pelo árbitro uruguaio Andrés Cunha, que não viu o toque faltoso. Seria uma infração da entrada da área, boa tanto para Hazard, quanto para De Bruyne. O camisa 7 belga seguiu apagado, até errando passes bobos.

Griezmann também teve boa atuação, assumindo um papel de liderança técnica, e teve outra chance no fim. Finalizou bem, de direita, mas Courtois se despediu da Copa com mais uma bela defesa. Nos lances derradeiros, Mbappé mostrou que ainda é um garoto e fez lembrar, por motivos menos nobres, um colega de clube, que também deveria estar na disputa pela Bola de Ouro, mas deixou a Rússia com a imagem completamente arranhada: Neymar. Provocou os adversários ao evitar uma reposição e depois exagerou ao levar uma bordoada de Jan Vertonghen. Mas saiu vitorioso, cada vez maior. Dependendo do resultado da final, é capaz de voltar a Paris como a estrela maior da companhia.

O destino, aliás, foi implacável com Neymar. Uma das justificativas do brasileiro para trocar o Barcelona pelo Paris Saint-Germain foi deixar a “sombra” de Lionel Messi e abrir caminho para se tornar o melhor jogador do mundo. E, ironicamente, o astro brasileiro que deixou a Rússia muito menor do que entrou, ridicularizado por sua mania de ficar no chão, se encontrou com o mais forte candidato ao trono do futebol nas próximas décadas – isso se Mbappé não ceder às tentações do mercado (é apontado como possível substituto de Cristiano Ronaldo no Real Madrid) e seguir no PSG.

Continua após a publicidade
Sair da versão mobile