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Marcos Senna condena racismo contra Vini Jr: ‘Minoria covarde’

Ex-jogador brasileiro naturalizado espanhol diz jamais ter sofrido preconceito em Valência, onde vive há décadas, mas ressaltou que ataques contra Vinicius Junior são injustificáveis e devem ser punidos severamente

Por Luiz Felipe Castro |
Marcos Senna celebra projeto com Academia Pelé no Rio - SMG/Divulgação

Marcos Senna celebra projeto com Academia Pelé no Rio - SMG/Divulgação

Marcos Senna, brasileiro naturalizado espanhol, campeão da Eurocopa de 2008 pela Fúria, está de passagem pelo país-natal para celebrar novos projetos do Villarreal, clube do qual é ídolo e embaixador. Em entrevista exclusiva à PLACAR, o ex-jogador de 48 anos repudiou os constantes ataques racistas que Vinicius Junior, do Real Madrid, sofre em solo espanhol.

Senna, que passou por Corinthians, Juventude e São Caetano antes de se consagrar no Villarreal e na seleção espanhola, faz questão de não generalizar o povo espanhol como racista, mas condena duramente as ações do que chamou de minoria covarde.

“Não deveríamos estar falando desse tema em pleno século XXI, mas infelizmente ainda acontece e vai acontecer por algum tempo, de maneira geral, no mundo todo. É triste, porque Vini é um dos maiores talentos que nós temos no cenário mundial, se não for o melhor, e que tem que passar por essas situações. Eu posso falar com propriedade sobre como a população espanhola reage, eu em particular nunca sofri, ao contrário, sempre falo que me tratam como um filho adotivo, me sinto 100% em casa”, iniciou Marcos Senna.

O caso do Vinicius é muito desagradável, deveria existir uma punição muito mais severa. Considero que é uma minoria covarde, que se esconde em meio ao público para insultar de forma racista. O Vinicius tem sido atacado e ele deve seguir combatendo, lutando, até que acabe. O Real Madrid, como clube de peso, também deve seguir comentando o fim do racismo”, prosseguiu.

Marcos Senna, no entanto, não concordou com as recentes declarações de Vinicius Junior, de que a Espanha é um país racista. “Eu como negro fico muito triste com esse tipo de episódio. Eu só discordo do Vinicius quanto a isso. Espanha, Brasil e todos os países têm suas falhas nesse sentido, mas dizer que todo um país é racista não é correto”, afirmou.

O ex-jogador paulistano vive na cidade de Valência, vizinha a Villarreal, e sede justamente do clube mais envolvido em polêmicas racistas com Vinicius Junior. Ele, garante, porém, que jamais foi maltratado. “No meu caso, fui conquistando o respeito aos poucos. Depois que ganhei a Eurocopa com a Espanha, o carinho se multiplicou. A rivalidade hoje entre Villarreal e Valencia é grande, mas nunca fui desrespeitado, todos me pedem fotos”, diz.

Não sei dizer por que que isso acontece tanto com o Vinicius. Muitos dizem que ele provoca, mas não dá para justificar o injustificável. Nada justifica o racismo, se acham que ele provoca, rebatam de outra forma, não com racismo.”, finalizou Senna.

Camisa no Cristo e Academia Pelé

Marcos Senna compareceu ao evento de lançamento de uma parceria entre o Villarreal C.F e o com o Resende e sua prestigiada Pelé Academia. O evento aconteceu aos pés do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que foi vestido com a camisa do Submarino Amarelo. A união servirá de ponte para o desenvolvimento de jovens talentos e a formação de treinadores a nível internacional. “O objetivo do projeto inclui formar grandes talentos e também a inclusão social. Obviamente, a transparência que tem ser passada aos pais é de que nem todos vão ser jogadores profissionais, mas vamos preparar todos para a sociedade, é algo que o Villarreal faz muito bem.”

“A Academia Pelé nos surpreendeu pela estrutura e pela qualidade dos jogadores que tem, sem falar no nome que carrega, todos conhecem o legado do Rei Pelé”, prosseguiu Senna, que lembrou que o trabalho de formação inclui também os técnicos.  “É fundamental formar também os treinadores, porque temos ume metodologia muito marcada. Vamos levar profissionais espanhóis até o Brasil e também o caminho inverso.”

Compareceram ao principal ponto turístico do Rio de Janeiro o CEO do Villarreal, Fernando Roig, o diretor comercial Juan Antón e o diretor de comunicação Hernán Sanz “A colaboração com a Pelé Academia permitirá que jovens jogadores brasileiros se beneficiem desta metodologia, facilitando sua adaptação dentro e fora de campo. Os jovens atletas que chegarem ao Villarreal, vindos da Pelé Academia, serão recebidos num ambiente que prioriza seu bem-estar e crescimento, garantindo uma transição fluida e bem-sucedida para o futebol europeu”, informou a organização do evento.

A ativação no Cristo Redentor foi conduzida pela 213 Sports, vertical de esportes da V3A e agência oficial do Villarreal no Brasil. “Estar junto ao primeiro time europeu que vestiu o icônico Cristo Redentor é apenas o início desta parceria, por meio da qual buscamos cada vez mais impulsionar o cenário esportivo do país”, afirma Marcelo Montenegro, sócio da 213 e da Pelé Academia e um dos idealizadores do projeto.

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