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Kita: Herói do Sul e do interior paulista

João Leithardt Neto passou as duas pontas da carreira emprestando seus gols a times gaúchos, catarinenses e paranaenses. Mas viveu o auge em 1986, na Inter de Limeira, o primeiro “campeão caipira” do estado de São Paulo

Quando o Brasil tomou conhecimento da existência de João Leithardt Neto — ou melhor, de Kita —, ele já tinha quase 26 anos. Aos 12, trabalhava em uma churrascaria de Passo Fundo (RS), onde nasceu, em 6 de janeiro de 1958. Como jogador, rodou durante uma década por pequenos clubes do Sul do país. 

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Do Gaúcho de sua cidade natal ao Brasil de Pelotas (RS). Do 14 de Julho, também da sua Passo Fundo, ao Criciúma (SC). Até que naquele 1983, vestindo a camisa 9 do Juventude, de Caxias do Sul, Kita foi o artilheiro do Campeonato Gaúcho, com 15 gols, chamando a atenção do Internacional, o primeiro clube grande que defendeu.

No Inter, Kita não chegou a brilhar, mas foi campeão estadual logo em seu ano de chegada, 1984. E, quando a base do time colorado representou o Brasil nos Jogos de Los Angeles, ele estava lá, ajudando a trazer a medalha de prata olímpica. Barbudo, grandalhão (em forma, media 1,85 m e pesava 84 kg), era considerado lento. 

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Chegou a ganhar dos próprios companheiros o apelido de “Tanque” — que, aliás, detestava. Seu destino só mudaria, mesmo, com a camisa de outro Internacional, a Inter de Limeira, cidade do interior de São Paulo onde chegou emprestado por 50.000 cruzados e de onde sairia negociado com o Flamengo por 3,1 milhões.

Formando um histórico ataque de poucas letras e muitos gols (Tato, Kita e Lê), ele foi campeão e artilheiro do Paulista de 1986, com 23 gols — 40% do total marcado por seu time. Pela primeira vez em 84 anos da disputa futebolística mais antiga do país, uma equipe do interior do estado chegava ao título. E derrotando um gigante na final, o Palmeiras, que amargava seu décimo ano longe da taça. Nos 2 a 1 do segundo jogo da decisão (o primeiro foi 0 a 0, também no Morumbi), Kita marcou o primeiro gol da Inter campeã.

No Flamengo, Kita também foi campeão, da Copa União, mas como reserva de Bebeto. Dezesseis meses depois, voltou à Inter de Limeira. No Brasileiro de 1988, já defendia a Portuguesa. No Gaúcho de 1989, o Grêmio, onde também foi campeão, da primeira Copado Brasil. Em 1990, pelo Atlético-PR, faturou outro título estadual, o último de sua carreira.

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Os cinco derradeiros anos de Kita como jogador foram iguais aos dez primeiros: emprestando seus gols a times do Sul. Jogou no Figueirense (1991/92), no Esportivo de Bento Gonçalves (RS) (1993), no Guarani de Bagé (RS) (1994) e no Passo Fundo (RS), onde encerrou a carreira em 1995, aos 37 anos. 

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Seu nome só voltaria às páginas esportivas em junho de 2011, quando, após uma cirurgia para reconstituir os ligamentos do tornozelo esquerdo, foi acometido de uma infecção hospitalar e teve parte de seu pé amputada. Quadro agravado pelo diabetes e por um câncer.

Afastado de seu trabalho na Prefeitura de Passo Fundo, Kita passou a receber salário pelo INSS. No dia 9 de julho de 2011, o Estádio Vermelhão da Serra, em Passo Fundo, recebeu um jogo beneficente para auxiliar no seu tratamento, ao qual estiveram presentes ex-jogadores do Grêmio e do Internacional.

Em seu site, a Inter de Limeira chegou a lançar uma camiseta com a imagem de Kita, também para ajudá-lo. Herói gaúcho e do interior paulista, Kita morreu em Passo Fundo, em 3 de outubro de 2015. Aos 57 anos, deixou dois filhos, uma filha e muitos gols.

Outros eternos de novembro

Dominique Dropsy

Dominique Dropsy, goleiro da França na Copa de 1978, morreu em 7 de outubro, de leucemia, aos 63 anos. Treinava os goleiros do Bordeaux, time pelo qual foi campeão francês em 1985 e 1987.

Barbosinha

Lourival de Almeida Filho, o Barbosinha, ex-goleiro do Corinthians, morreu aos 74 anos, em 20de outubro. Famoso por sofrer dois gols de falta do palmeirense Tupãzinho na derrota por 2 a 0 em 1967.

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