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GRUPO F – Alemanha: favorita hoje e para sempre

Futebol germânico esteve no pódio da Copa desde que iniciou há quase duas décadas um projeto que mira a hegemonia mundial

Por Fernando Beagá |
Jogadores da seleção da Alemanha comemoram vitória sobre República Tcheca válida pelo qualificatório da Copa do Mundo 2018, em Praga

Jogadores da seleção da Alemanha comemoram vitória sobre República Tcheca válida pelo qualificatório da Copa do Mundo 2018, em Praga

Quando Brasil e Alemanha entraram no gramado do Mineirão, em 8 de julho de 2014, os brasileiros somavam 220 gols marcados em Copas do Mundo, contra 216 dos alemães. Essa estatística, depois do inesquecível 7 a 1 e da vitória por 1 a 0 na final contra a Argentina, tem agora os germânicos na frente, 224 a 221. Eles também jogaram mais vezes (106 contra 104), mesmo com dois Mundiais disputados a menos, porque constantemente chegam às fases decisivas — são doze pódios em dezoito participações. Puxe o fôlego: quatro títulos (1954, 1974, 1990 e 2014), quatro vices (1966, 1982, 1986 e 2002) e quatro terceiros lugares (1934, 1970, 2006 e 2010).

Tabela completa de jogos da Copa do Mundo 2018             

Neste século XXI, a escalada da “mannschaft” – “equipe”, em tradução livre, apelido da seleção – foi planejada a partir do fracasso na Eurocopa de 2000. Campeã continental quatro anos antes, fora eliminada na primeira fase. Os dirigentes da Federação Alemã preferiram a autocrítica ao escapismo e iniciaram um trabalho de longo prazo a partir das categorias de base, envolvendo os clubes locais. Chegar à final da Copa 2002 nem era esperado. A primeira “colheita” estava programada para 2006, com o aditivo de ser anfitriã. A maneira elegante como time, imprensa e torcedores aceitaram o terceiro lugar mostrava o entendimento do caminho planejado.

O primeiro grande reflexo do trabalho de formação de talentos foi no mundial de 2010. O técnico Joachim Löw, auxiliar de Jurgen Klinsmann em 2006 e peça-chave no projeto, foi ousado na campanha que rendeu mais um bronze. Lançou no time titular o zagueiro Boateng (então com 21 anos), o meia Özil (21) e o atacante Thomaz Müller (20). E não eram muito mais velhos o goleiro Neuer e o volante Khedira, ambos com 24. No banco, o meio-campista Toni Kroos (20), principal jogador da equipe hoje. Todos fundamentais no título de 2014 e que desembarcam na Rússia maduros e ainda mais competitivos.

A eles se juntam atletas campeões da Copa das Confederações de 2017. Löw levou um time reserva, repleto de jovens que aproveitaram a oportunidade. O lateral-direito Kimmich (do alemão Bayern de Munique), o meia Draxler (Paris Saint-Germain, da França) e o centroavante Werner (Red Bull Leipizig, da Alemanha) já figuram na formação principal. E o goleiro Ter Stegen (Barcelona, da Espanha) assumiu o posto assim que Manuel Neuer (Bayern) fraturou o pé esquerdo pela primeira vez.

Capitão da seleção, Neuer vive desafio semelhante ao do brasileiro Neymar: estar em plena condição física até junho e desafiar a falta de ritmo de jogo. Em abril de 2017, o goleiro fraturou o metatarso do pé esquerdo. Em setembro, na quarta partida após seu retorno, idêntica lesão, nova cirurgia.

Sabiamente, Löw tirou qualquer possibilidade de clima de revanche no amistoso contra a seleção brasileira, vencida pela equipe de Tite por 1 a 0. Poupou sete dos principais jogadores, que quatro dias antes haviam enfrentado a Espanha (empate em 1 a 1) em uma intensa partida, considerada uma prévia do nível que esses dois países vão praticar na Copa.

Contra o Brasil, Löw escalou dois jogadores que deverão entrar durante os jogos no mundial. O meia Goretzka, 23 anos, atuou na equipe olímpica que ficou com a medalha de prata na Rio 2016 e foi um dos protagonistas da Copa das Confederações no ano seguinte. Destaque na Bundesliga (o campeonato nacional alemão), trocou o Schalke 04 pelo Bayern de Munique a partir da próxima temporada. Outro talento gerado pelo Schalke é Sané, de 22 anos. Em 2016, o inglês Manchester City investiu cinquenta milhões de euros e o retorno é satisfatório: as estatísticas mostram que o atacante não passa dois jogos sem fazer um gol ou dar um passe decisivo.

A ambição germânica mira o quinto título mundial em 2018, para empatar com o Brasil, e a busca da hegemonia nos próximos anos. Em 2020, deve ser inaugurado um centro de treinamentos, na cidade de Frankfurt, que já foi apelidado de “Vale do Silício do futebol“. A analogia faz sentido porque a intenção é usar a tecnologia para revolucionar a análise de desempenho dos atletas e os métodos de preparação — sempre a partir dos jovens. Alguém segure os alemães.

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