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Fernando Diniz explica recusa ao Corinthians: ‘Não me arrependo’

Sensação de 2016 com o Audax, jovem treinador está sem clube. À PLACAR, ele falou sobre seus conceitos de futebol e defendeu seu ex-comandado Alex Muralha

Por Da redação |
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Fernando Diniz treinou o Audax em diversas ocasiões

O técnico Fernando Diniz, que no ano passado ganhou destaque sob o comando do Audax, vice-campeão paulista, foi o convidado desta sexta-feira do programa PLACAR Ao Vivo. Sem clube desde que deixou a equipe de Osasco, em junho, o ex-jogador de 43 anos traçou seus próximos objetivos, confirmou que negou propostas de grandes clubes do país e contou sobre a relação com jogadores de origem humilde, como o goleiro Alex Muralha, do Flamengo com quem trabalhou no Votoraty, em 2010.

Fernando Diniz defendeu Muralha das críticas que vem sofrendo, especialmente depois da decisão da Copa do Brasil vencida pelo Cruzeiro. “Eu vejo pouca defesa em relação ao Alex Muralha. Ele foi o melhor goleiro do ano passado. E o que o Flamengo e os torcedores ganharam com isso? Talvez um goleiro mais pressionado, que tendeu a jogar pior. Talvez se ele estivesse se sentindo um pouco mais respeitado e admirado, ele poderia ter resolvido os problemas do Flamengo”, disse Diniz ao apresentador Rodrigo Rodrigues.

Segundo o técnico, a maioria dos jogadores não recebe acompanhamento psicológico ideal para se tornar profissional e suportar a pressão de torcedores e jornalistas. “O Alex Muralha não foge à regra. Foi um cara que ralou para caramba, saiu de casa com 12 anos, 13 anos, não tem afetos parentais quase nenhum… Aí o jogador cresce nesse ambiente e, quando chega perto dos 20 anos, vira profissional. Vem uma pressão que o jogador não está preparado para assumir. Se os clubes assumissem um pouco mais a carência do nosso Estado e assumir um pouco o papel dos pais, dar uma escola de qualidade, psicólogo, assistente social…  Mas o jogador chega aos 30 anos como uma criança que envelheceu”, comentou Diniz.

 Fernando Diniz , no Audax, em 2016 Ricardo Matsukawa/VEJA/VEJA

Fernando Diniz contou que as “propostas rarearam” em 2017 depois de um Campeonato Paulista não tão bom quanto o anterior. Mas admitiu ter recusado propostas tentadoras, pois no segundo semestre do ano passado já havia se comprometido com o Oeste de Itápolis (clube que fez um convênio com o Audax e terminou em 16º da Série B do Brasileirão).

“Ano passado tive três possibilidades de assumir time da série A. Não aceitei, mas não me arrependo, porque tinha dado a palavra ao Oeste e estava comprometido. E acho que isso também é algo que os dirigentes deveriam valorizar. Trabalho há quase dez anos como técnico e nunca sai de um clube, crio vínculos humanos fortes. Não que eu nunca vá sair, mas até hoje nunca achei que era o melhor caminho.”

Questionado por um internauta, ele admitiu ter recebido uma proposta do Corinthians. “Não é que eu não quis aceitar, é que eu tinha me comprometido. Mas o Corinthians é um gigante, um dos maiores do mundo.” Ele ainda garantiu estar preparado para trabalhar em um clube de ponta. “Quanto mais jogador bom eu tiver, mais fácil vai fluir o trabalho.”

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Confira, abaixo, à entrevista completa e a outros trechos da entrevista de Fernando Diniz.

Audax 2016

“O Audax não ganhou, mas é um time que está no imaginário popular, as pessoas se apaixonaram por aquele time. Mas fica para muitos a ideia de que perdeu porque jogou bonito. E é o contrário. Daquele jeito tinha mais chances de ganhar e encantou, mas não dá para saber se vai ganhar, como a seleção de 1982. Minha maior dificuldade foi fazer os caras acreditarem que eles são bons. A parte tática, que é a que as pessoas mais se preocupam, é a mais fácil. Limitar a visão e análise pelo resultado é muito pouco. O legado foi fazer um time pequeno jogar como um grande e fazer o grande jogar como pequeno.

Tempos de jogador

“Por incrível que pareça, acho que os meus pontos mais fortes não foram explorados na minha carreira inteira de atleta. Sempre joguei de atacante ou meia-atacante, mas pelo meu perfil eu deveria ter jogado mais para trás, talvez até de primeiro volante. Emocionalmente eu nunca fui um atacante. Por exemplo, eu tinha mais habilidade e técnica que o Henrique Dourado, do Fluminense (artilheiro do Brasileirão 2017), mas ele é um grande atacante e eu nunca fui. Eu driblava bem, protegia a bola, ajudava a marcação, tinha boa leitura tática, mas fazia pouco gol, eu não era de definir as jogadas. Fui alimentando aquele sonho infantil de ser o camisa 10, o craque do time, mas faltou um treinador perceber que eu não deveria jogar ali.

Companheiros do passado

“O Alex era um gênio, para mim foi um dos mais injustiçados por não ter disputado pelo menos uma Copa do Mundo. Dos meus companheiros de time, o que mais me encantou foi o Djalminha. E dos brasileiros que vi jogar, considero o Romário melhor, apesar de não tê-lo visto em campo no auge”

 

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