O mercado esportivo mundial movimenta por ano 50 bilhões de dólares (o equivalente 191 bilhões de reais) nos dias de jogos. Essa é a receita gerada com bilheteria, naming rights, shows, eventos, camarotes, restaurantes e projetos de sócio-torcedor em estádios, arenas e complexos esportivos, aponta um estudo realizado pela empresa de consultoria Sports Value. O Campeonato Brasileiro aparece como a décima liga que mais arrecada no mundo, com 200 milhões de dólares (765 milhões de reais) — se considerados apenas campeonatos de futebol, o Brasileirão sobe para sexto.
Segundo o especialista em marketing esportivo Amir Somoggi, sócio da Sports Value, o país apresenta potencial muito grande de crescimento por ainda ter uma baixa taxa de ocupação dos estádios nas partidas do campeonato nacional. Em 2018, foram 380 partidas, com média de público de 18.822 pessoas — ocupação de 43%.
O grande modelo de sucesso neste quesito é o Campeonato Inglês, a Premier League. Por lá, a média de público é de 38.274 e a taxa de ocupação nos estádios é de 99%. A segunda liga no ranking é a alemã, que tem média superior de público, com 44.646 espectadores por partida, mas taxa de ocupação inferior à inglesa (92%).
“Falta no Brasil inteligência no sistema de gestão de arena, que sobra no mercado internacional. Estamos praticamente com 60% dos estádios vazios e nenhuma das grandes ligas de futebol tem esse potencial inexplorado em termo de público e de serviço”, aponta Somoggi.
Mais gente nos estádios gera maior demanda de produtos. É nesse momento que os times desenvolvem ações com parceiros e patrocinadores para maximizar os lucros com os “clientes” em potencial.
É nesse campo que as ligas esportivas dos Estados Unidos fazem a diferença — dos 50 bilhões de dólares anuais que os dias de jogo rendem no mundo, 51% são gerados apenas nos EUA com ligas como MLB (beisebol), NHL (hóquei), NFL (futebol americano) e NBA (basquete). No país, a ação de parceiros e patrocinadores junto ao público gera receitas maiores do que com direitos de TV e patrocínios diretos às equipes ou administradores de arenas.
“No Brasil, o matchday (como os especialistas em marketing esportivo chamam os dias de jogos) é basicamente bilheteria e sócio-torcedor. Tirando casos isolados como o São Paulo, que tem camarote e shows, e o Athletico Paranaense, com a Arena da Baixada”, explica Somoggi. “Em geral, os estádios não são dos clubes. No Allianz Parque, por exemplo, é a WTorre que administra toda parte de exploração em shows e eventos. O Palmeiras fica com 20% dos ganhos líquidos.”
Mesmo considerada baixa, a ocupação dos estádios brasileiros deu um grande salto desde 2003, quando as partidas tinham 82% de lugares vazios. Se apresentasse o mesmo índice das principais grandes ligas do mundo, o faturamento anual com estádios no país poderia mais do que dobrar, chegando a 500 milhões de dólares (ou 1,9 bilhão de reais).
O estudo da Sports Value mostra que uma família de quatro pessoas gasta em média 664 dólares (2.542 reais) para acompanhar um jogo do New York Knicks pela NBA. Mas a partida da liga americana de basquete é só parte de um grande espetáculo, que inclui a ida a restaurantes e compras em lojas, entre outros atrativos.
Maiores ligas em presença de público
Pos. | Liga | Público total | Jogos | Média de público | Ocupação |
1° | MLB (Beisebol – EUA) | 69 625 244 | 2 415 | 28 830 | 67% |
2° | Nippon Baseball (Beisebol – Japão) | 25 496 250 | 856 | 29 785 | 82% |
3° | NHL (Hóquei – EUA) | 22 174 362 | 1 271 | 17 446 | 95% |
4° | NBA (Basquete – EUA) | 22 124 559 | 1 230 | 17 987 | 94% |
5° | NFL (Futebol americano – EUA) | 17 177 581 | 256 | 67 100 | 96% |
6° | Premier League (Futebol – Reino Unido) | 14 505 999 | 380 | 38 274 | 99% |
7° | Bundesliga (Futebol – Alemanha) | 13 661 796 | 306 | 44 646 | 92% |
8° | Championship (Futebol – Reino Unido) | 11 309 726 | 552 | 20 489 | 73% |
9° | La Liga (Futebol – Espanha) | 10 173 142 | 380 | 26 842 | 68% |
10° | Série A (Futebol – Itália) | 9 411 539 | 380 | 24 767 | 60% |
11° | Ligue 1 (Futebol – França) | 8 559 056 | 380 | 22 524 | 58% |
12° | MLS (Futebol – EUA) | 8 552 503 | 391 | 21 873 | 96% |
13° | Campeonato Brasileiro (futebol) | 7 152 248 | 380 | 18 822 | 43% |
Faturamento por dia de jogo
Pos. | Liga | Faturamento em milhões de dólares |
1° | MLB (Beisebol dos EUA) | 2 256 |
2° | NFL (Futebol americano dos EUA) | 1 400 |
3° | NHL (Hóquei dos EUA) | 1 089 |
4° | NBA (Basquete dos EUA) | 1 011 |
5° | Premier League (Futebol do Reino Unido) | 718 |
6° | La Liga (Futebol da Espanha) | 544 |
7° | Bundesliga (Futebol da Alemanha) | 504 |
8° | MLS (Futebol dos EUA) | 296 |
9° | Série A (Futebol da Itália) | 217 |
10° | Campeonato Brasileiro | 200 |
11° | Ligue 1 (Futebol da França) | 182 |
12° | Liga da Holanda (Futebol da Holanda) | 111 |
13° | Liga da Turquia (Futebol da Turquia) | 88 |
14° | Liga da Escócia (Futebol da Escócia) | 79 |
15° | Liga de Portugal (Futebol de Portugal) | 51 |