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Bruno se recusa a falar sobre crime e cita Edmundo como exemplo

Goleiro não respondeu às perguntas sobre a morte de Eliza e usou acidente do ex-craque do Palmeiras como motivação para enfrentar gritos de ‘assassino’

Por Leslie Leitão, de Varginha |
Bruno é apresentado oficialmente no Boa Esporte Clube

O goleiro Bruno em sua primeira entrevista pelo Boa Esporte Clube, em Varginha

“Qualquer pergunta que não seja de futebol não será respondida”, anunciou o presidente do Boa Esporte, Rone Moraes, antes do início da entrevista coletiva de apresentação de Bruno Fernandes . Condenado a 22 anos e 3 meses pelo assassinato da ex-amante Eliza Samudio, o goleiro passou 30 minutos de frente para as câmeras com o sorriso amarelado e, de fato, se recusou a responder qualquer questionamento que remetesse ao crime bárbaro que cometeu. Nem a possibilidade de voltar para a prisão – caso perca o recurso que será julgado na 5a Câmara Criminal de Minas Gerais – ele quis falar.

No único momento em que aceitou falar sobre as consequências de seu ato, Bruno citou o exemplo de um ex-colega para lidar tentar com os gritos de ‘Assassino’ que virão das torcidas rivais: “Há outros exemplos, eu não sou o primeiro. O Edmundo passou a carreira toda enfrentando isso, cantores e outras pessoas públicas superaram isso. Mas o pior já passou. Se não estiver preparado para essa pressão, posso levantar daqui e ir embora”, rebateu. Ao contrário de Bruno, condenado por homicídio triplamente qualificado, Edmundo foi condenado por homicídio culposo (sem intenção de matar) após bater com o carro na Lagoa Rodrigo de Freitas, em 1995. No acidente, três pessoas morreram.

A primeira pergunta da entrevista deixou o goleiro na defensiva. A repórter de uma emissora de tevê local queria saber se o goleiro se achava merecedor de vestir a camisa de um clube de futebol após cometer um crime tão bárbaro. “Não vou responder sua pergunta”, disse, lacônico.

Goleiro Bruno faz sua primeira entrevista pelo Boa Leslie Leitão/VEJA

O goleiro se recusou também a comentar sobre a debandada de patrocinadores (os cinco que apoiavam o clube romperam os acordos após o anúncio de sua contratação, na sexta-feira. “O presidente responde.” Ao lado, o cartola afirmou “não ter visto essa repercussão negativa toda”, e adiantou que até o final da semana terá um novo patrocinador master.

Bruno se disse estar à vontade, feliz com a oportunidade dada pelo Boa Esporte e rebateu a questão da pressão das redes sociais e das ruas de Varginha, onde muita gente tem se manifestado contra a contratação do goleiro: “No olho a olho as pessoas me tratam bem. Trazem palavras de incentivo”, disse.

Apesar do futuro indefinido e a possibilidade de voltar à cadeia a qualquer momento, Bruno tentou demonstrar tranquilidade ao falar sobre a chance no novo clube. “Se eu falhar, serei cobrado. Se for bem, não farei mais do que a obrigação. Mas estou motivado. Objetivo do clube é subir para a primeira divisão (do Brasileiro)”, disse, emendando que ainda sonha com seleção brasileira: “Sonhar nunca é demais. Um dia sonhei estar aqui de volta. E estou”.

Sobre o movimento de mulheres que vem protestando contra a contratação do goleiro, não comentou. E também se recusou a falar quando perguntando se considerava-se um no exemplo para as crianças apaixonadas por futebol: “Não te respondo essa pergunta”.

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