Foram anos de pedidos, discussões e reclamações – até que a Fifa decidiu, em 2013, adotar a tecnologia que permite confirmar se a bola cruzou a linha. Neste domingo, quando Benzema chutou e o goleiro hondurenho Valladares se atrapalhou e empurrou a Brazuca em direção ao próprio gol, o juiz Sandro Meira Ricci ouviu, em menos de 1 segundo, um sinal sonoro avisando que ele deveria apontar para o centro de campo: França 2 a 0. No estádio (e no mundo inteiro), o telão mostrou as imagens de computação gráfica com as quatro letras em inglês: GOAL.
Ainda que os inúmeros replays mostrados pela TV não tenham sido 100% conclusivos, não houve reclamações. A um custo de 500.000 reais por estádio pela instalação das catorze câmeras de alta velocidade (mais 7.000 reais pela utilização em cada jogo), o sistema alemão GoalControl inaugurou uma nova era no futebol. Mas (e sempre tem um mas), por que a Fifa insiste em não usar mais recursos tecnológicos para resolver dúvidas e acabar com alguns erros grosseiros que, como em todos os torneios, já foram registrados nos primeiros quatro dias da Copa 2014?
Houve pelo menos seis lances com marcação equivocada, que tiveram impacto decisivo no resultado. O mais célebre, é claro, foi o pênalti que Fred cavou, atirando-se ao chão e garantindo a virada sobre os croatas. O japonês Yuichi Nishimura não viu a simulação que, pela TV, beirou o ridículo. No dia seguinte, em Natal, os mexicanos precisaram fazer três gols para conseguir uma vitória por 1 a 0. Os dois primeiros foram anulados por impedimento mal marcado pelo auxiliar colombiano Humberto Clavijo.
Bola da VEJA: como VEJA mostra a Copa do Mundo
No mesmo dia, o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa cavou mais um pênalti, jogando-se antes de ser tocado. Na hora, Espanha e Holanda ainda estavam no 0 a 0. No segundo tempo, quando os holandeses já tinham virado, Van Persie fez falta no goleiro Casillas em uma bola cruzada na área, e a Holanda marcou o terceiro, abrindo caminho para a goleada. Neste domingo, em Brasília, mais um impedimento mal assinalado quase tira a vitória da Suíça sobre o Equador, só conquistada no último minuto dos acréscimos.
Todos os lances mal marcados foram imediatamente denunciados pela repetição das imagens por outros ângulos, mas os juízes e seus auxiliares não puderam valer-se desse recurso para tornar o jogo melhor e menos injusto. Muitos esportes adotaram a tecnologia em benefício do resultado mais limpo. Não é possível imaginar que Rafael Nadal seja eliminado de Wimbledon porque um dos árbitros não conseguiu enxergar se a bola que voava a 200 quilômetros por hora encostou na linha. Na NBA, a milionária liga de basquete, e no futebol americano, os juízes param o jogo para ver o replay em lances capitais. Enquanto isso, a Fifa e a International Board, a entidade que cuida da arbitragem, não só resistem a mudar as regras do futebol como obrigam o torcedor a ver o uso ridículo da novidade desta Copa: mesmo quando a bola estufa a rede, mostram a animação confirmando que foi gol. Não precisava.
FAÇA O DOWNLOAD DAS EDIÇÕES DIÁRIAS – Até 14 de julho, na segunda-feira seguinte à final, VEJA e PLACAR lançarão edições eletrônicas diárias (serão 34!). Sempre às 7 da manhã, grátis. Para quem já é assinante de VEJA para tablets e iPhone, nada muda. Para os outros, basta baixar o aplicativo de VEJA ou acessar o IBA, a banca digital da Editora Abril.