![Ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, é acusado de fraudar milhões de dólares](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/05/ricardo-teixeira-cbf-20100831-01-original.jpeg?quality=70&strip=info&w=928)
Com as mudanças, ficou mais difícil destituir o presidente da CBF. A eleição vai acontecer antes da Copa, para evitar que fiasco prejudique candidatura da situação. E Del Nero, que não poderia acumular cargos, ganhou sinal verde para ter função dupla
Antes de renunciar, Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, mudou o estatuto da entidade para deixar tudo preparado para que José Maria Marin o substituísse – e depois abrisse o caminho para Marco Polo Del Nero, que hoje é vice-presidente, ocupar o cargo. De acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, Teixeira mexeu nas regras pensando justamente em evitar que um candidato de oposição chegasse ao poder na CBF. Também costurou uma mudança que dificulta uma troca na presidência – parecia já prever que Marin sofreria forte rejeição e teria problemas para se manter no cargo. Por fim, preparou o terreno para que Del Nero, seu aliado, tivesse um caminho tranquilo rumo à sucessão. O cartola já tinha decidido deixar a presidência – por causa de várias acusações de corrupção – quando convocou a última assembleia geral de seu mandato, sem avisar às federações estaduais sobre o que pretendia fazer. Só o presidente da federação paulista, Del Nero, e o vice-presidente da CBF no Sudeste, Marin, sabiam do teor do encontro.
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Pelo estatuto anterior, o dirigente não poderia acumular a presidência da Federação Paulista de Futebol com a vice da CBF. Por isso, alterou-se mais um artigo do estatuto. O texto passou a estabelecer que o acúmulo de funções poderia se dar por até 180 dias. Basta uma licença em um dos cargos por um ou dois dias, a cada seis meses, e Marco Polo Del Nero pode continuar com um assento nos dois gabinetes mais poderosos do futebol brasileiro. A ata da assembleia que parece ter definido os rumos da CBF para os próximos anos foi assinada pelo presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Rubens Lopes. A assembleia teve dois delegados, também dirigentes de federações: Mauro Carmélio, do Ceará, e André Pitta, de Goiás. As mudanças reveladas pela reportagem do Estadão somam onze páginas e levam a rubrica de representantes das 27 federações estaduais que têm direito a voto na CBF. A possibilidade de Del Nero ser o candidato à sucessão de Marin é dada como quase certa desde que o presidente da CBF assumiu o cargo, há pouco mais de um ano. Em reunião realizada com as federações nesta semana, Marin avisou que, de fato, não será candidato no próximo pleito. Até agora, portanto, o roteiro segue à risca o que Teixeira planejou antes de embarcar para Miami.
(Com Estadão Conteúdo)