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Romário atira de novo: ‘A eleição da CBF vai ser comprada’

“Andrés Sanchez tem seus defeitos e problemas, como todos nós, mas já deu provas de que é um ótimo administrador e botou o Corinthians no topo. Se ele se candidatasse à presidência da CBF, provavelmente teria meu apoio. Outro nome excelente é o Raí, um cara íntegro, inteligente, muito respeitado. O ideal seria uma chapa […]

Por Da Redação |
Deputado Romário (PSB-RJ), em seu gabinete, na Câmara dos Deputados em Brasília

Deputado Romário (PSB-RJ), em seu gabinete, na Câmara dos Deputados em Brasília

“Andrés Sanchez tem seus defeitos e problemas, como todos nós, mas já deu provas de que é um ótimo administrador e botou o Corinthians no topo. Se ele se candidatasse à presidência da CBF, provavelmente teria meu apoio. Outro nome excelente é o Raí, um cara íntegro, inteligente, muito respeitado. O ideal seria uma chapa unindo eles dois”

O deputado federal Romário de Souza Faria (PSB-RJ) fez duras críticas à cúpula da CBF e chamou o vice-presidente da entidade, Marco Polo del Nero, de chefe do “cartel” da entidade. Também acusou os dirigentes da confederação de superfaturamento na compra de terreno para a nova sede da CBF e afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, que a próxima eleição presidencial da CBF “vai ser comprada”.

No final do ano passado, Romário protocolou na Câmara o pedido de uma CPI da CBF. E, ao ser questionado se acredita não haver interesse do governo em investigar a entidade, ele respondeu: “Estou aqui há pouco mais de dois anos e já pude reparar que não existe interesse do governo em abrir CPI nenhuma. Não me pergunte por quê. Com uma CPI do futebol, iniciada agora, o Brasil teria condições de chegar ao ano do Mundial limpo, de cara nova. Reina muita bagunça no nosso futebol. O estatuto da CBF, até onde eu sei, incentiva os investimentos nas bases, na formação de atletas femininas, tantas outras coisas. E não se vê isso.”

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O ex-jogador, campeão mundial pelo Brasil em 1994, destacou que “é tudo muito nebuloso na CBF” e, ao comentar o fato de que as eleições na entidade são marcadas por denúncias de compra de votos há décadas, soltou: “A próxima eleição (em 2014) vai ser comprada também. Torço e acredito que apareça algum candidato avulso, contrário aos métodos atuais e que possa incomodar os atuais dirigentes.”

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Romário ainda apontou Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e ex-diretor de seleções da CBF, como um nome de sua preferência para assumir a CBF. Ele disse que o dirigente “tem seus defeitos e problemas, como todos nós, mas já deu provas de que é um ótimo administrador e botou o Corinthians no topo”. “Se ele se candidatasse à presidência da CBF, muito provavelmente teria meu apoio. Outro nome que também seria excelente é o Raí, um cara íntegro, inteligente, muito respeitado. O ideal seria uma chapa unindo eles dois.”

Teixeira – Romário também disse que chega até “a ter saudades” de Ricardo Teixeira no comando da CBF, embora o tenha criticado muito. “É impressionante a quantidade de coisas erradas na CBF a cada dia. O Teixeira, nos últimos dez anos, foi muito prejudicial à CBF, envolvido em muitos escândalos de corrupção. Mas, por outro lado, olhou muito para o futebol da seleção. Hoje, nós somos o 18.º no ranking da Fifa. É por isso que falo de saudades dele, mas só por isso.”

Sobre a possibilidade de Del Nero assumir a CBF, na eventualidade da saída de José Maria Marin, Romário fez sérias acusações ao dirigente: “Ele (Del Nero) é o pior dos três. É o cabeça do atual cartel que virou a CBF. É quem faz os negócios, as negociatas da entidade. É ele quem manipula os presidentes de federações, de clubes. Se chegar à presidência da CBF, vamos viver um inédito período de ditadura no nosso futebol.”

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Romário disse defender o voto das federações e dos “mais de 200 clubes” filiados à CBF para eleger o presidente da entidade, e não apenas dos times que fazem parte da Série A do Brasileiro, conforme prevê o estatuto do organismo. Romário admitiu estar descrente com a possibilidade de Marin ser afastado da presidência da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, após ter pedido para a Fifa tirá-lo destes cargos. “Pedi, não obtive nenhum retorno nem vou obter. Quem dá as cartas do futebol não se interessa pelas minhas denúncias. Mas a população reconhece e cobra lisura e honestidade cada vez mais. O Marin tem de sair e deixar o Ronaldo tocar o Comitê Organizador da Copa. Todo dia a gente sabe de uma novidade lá da CBF. Soube, por exemplo, que a CBF comprou um terreno na Barra da Tijuca para fazer a nova sede. Quem pagasse 9.500 reais por metro quadrado na área escolhida pela CBF já estaria pagando bem alto, segundo corretores. Pois bem, a CBF pagou 14.500 reais por metro quadrado. Superfaturamento de 25 milhões de reais na obra. Alguém questiona? Investiga? Não pode, é empresa privada. Mas não é bem assim. A CBF usa nosso hino, bandeira, símbolos, nossos atletas. Tem de responder por isso.”

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Convocações – Romário falou ainda que a prática de compra de vaga na seleção não é inédita, como o presidente do Sport, Luciano Bivar, revelou sobre o pagamento de propina na convocação do jogador Leomar em 2001. “Tem, ou pelo menos já teve, a gente sabe disso, sempre soube, mas é coisa bem feita, não tem como provar. O pior de tudo está nas categorias de base da seleção e de alguns clubes. Ali é a caixa preta.”

Se é contra Marin na direção da CBF, Romário admitiu que aprovou a volta de Luiz Felipe Scolari ao comando da seleção. “Sempre fui a favor da volta dele, ainda mais com outro campeão do mundo, o Parreira. Os dois impõem respeito, segurança, passam confiança aos atletas. Mas eles têm de entender que o futebol hoje é diferente do jogado em 1994 (quando Parreira foi campeão) e em 2002 (ano do título conquistado por Scolari). É preciso modernizar, criar situações novas.” E viu com naturalidade a derrota (para Inglaterra) e dois empates (Itália e Rússia) nos três primeiros amistosos de Felipão. “Jogos muito difíceis, escolheram bem os adversários, que vendem caro uma derrota. Tem de ser assim mesmo. A seleção está nas mãos de quem sabe.”

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Estádios – Ao falar da preparação do Brasil para a Copa de 2014, Romário também foi crítico ao dizer que a competição vai consolidar quatro elefantes brancos: os estádios de Brasília, Manaus, Mato Grosso e Natal. “Se não forem entregues para a iniciativa privada, infelizmente vai se caracterizar desperdício de dinheiro. E, mesmo com a iniciativa privada, é preciso fazer contratos que possam compensar o valor gasto.” E disse ainda que o Maracanã “tinha de mudar de nome” após passar pela sua terceira reforma nos últimos 13 anos. “Perdeu o glamour, perdeu o charme. Está todo desfigurado. Nem dá vontade de entrar lá. Fora o gasto absurdo e desnecessário para a tal reforma.”

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(Com Estadão Conteúdo)

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