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Mano lamenta as vaias, mas insiste: ‘Estamos no caminho’

Técnico afirmou que entende a irritação do torcedor, mas pediu mais paciência

Por Giancarlo Lepiani |
O técnico da seleção, Mano Menezes, no amistoso contra a África do Sul, no Morumbi

O técnico da seleção, Mano Menezes, no amistoso contra a África do Sul, no Morumbi

Ao mesmo tempo em que falava sobre o jogo, Mano ouvia torcedores aglomerados no acesso ao ônibus da seleção xingando até Neymar

Para quem foi vaiado antes mesmo do início da partida, ao ter seu nome anunciado pelo sistema de som do Estádio do Morumbi, o técnico Mano Menezes aparentava uma segurança e uma convicção surpreendentes depois do amistoso desta sexta-feira, contra a África do Sul, em São Paulo. O treinador da seleção brasileira lamentou as manifestações negativas durante a magra vitória contra os sul-africanos – 1 a 0, gol de Hulk no segundo tempo -, mas disse que não culpa o torcedor pelo desempenho decepcionante da equipe. Ainda assim, pediu ao público brasileiro mais paciência com seu jovem grupo de jogadores (em especial com Neymar, que foi chamado de “pipoqueiro” mesmo jogando em seu próprio estado, num campo em que costuma fazer ótimas exibições). “Entendo a reação forte do torcedor, mas incomoda, e você sofre”, contou Mano. “Gostaria de ver um ambiente bem diferente quando a gente joga no nosso país.”

O treinador afirmou que as vaias do torcedor de São Paulo já estavam no script. “O torcedor tem o direito de fazer o que ele quiser. As críticas estão dentro de um contexto absolutamente normal. Já vi recepções muito mais hostis aqui. A situação não é nova nem atípica. Mas acho que podemos mudar isso, porque vamos disputar uma Copa do Mundo em nosso país.” No apelo de Mano por “um pouco mais de compreensão”, ele lembrou que a seleção é formada por jovens valores e que, por isso, demora mais a assimilar as críticas. “Quanto mais novo um time, mais ele sente a falta de apoio. Quando o torcedor empurra e apoia, a tarefa fica menos difícil. As coisas precisam evoluir, e, se o torcedor estiver junto, vamos evoluir mais rápido.” Questionado sobre o rendimento da equipe a apenas dois anos da Copa do Mundo, o técnico admitiu que o Brasil não tem mais a melhor seleção do planeta, mas sinalizou com a manutenção do mesmo grupo para os próximos desafios do time. “Confio muito na qualidade desses jogadores. Eles ainda não têm a rodagem de outros que estiveram na seleção no passado. Mas esse é o caminho que temos de percorrer”.

Essa última frase, aliás, foi dita por Mano Menezes em nada menos que quatro ocasiões no decorrer de sua entrevista coletiva. “Encontraremos todas as soluções”, insistiu, aparentando tranquilidade mesmo diante do cenário muito desfavorável – ao mesmo tempo em que falava sobre o jogo, ouvia torcedores aglomerados no acesso ao ônibus da seleção xingando Neymar, a grande aposta brasileira para 2014. Mais pressionado do que nunca, Mano admitiu que espera encontrar um clima mais leve antes do próximo compromisso da equipe, na segunda-feira, contra a China. “Espero que o torcedor seja mais compreensivo, porque vamos enfrentar uma equipe ainda mais fechada que a de hoje. Desde o início, a África do Sul esperou a gente muito atrás. Nessas circunstâncias, é preciso ter paciência, rodar a bola. A falta de uma tranquilidade maior atrapalhou um pouco”, lamentou o técnico, que avaliou que o Brasil “não jogou tão mal assim”.

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