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Cancelado por falta de luz, Superclássico acaba em fiasco

Marcado para estádio de equipe de quarta divisão, duelo entre os arquirrivais – que já não tinha utilidade alguma – só desgasta os atletas e fica sem vencedor

Por Da Redação |
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A seleção brasileira começou o dia caindo para 14º lugar no ranking da Fifa, a pior colocação de sua história. Acabou a quarta-feira com seus atletas desgastados por nada, depois do cancelamento de um jogo que pouco valia, num palco que não merecia recebê-la

A seleção brasileira de futebol está perto de completar 100 anos de história, mas poucas vezes foi submetida a uma situação tão constrangedora quanto a da noite desta quarta-feira. Depois de três dias de concentração e de uma viagem cansativa e atribulada, a única equipe cinco vezes campeã do mundo terá de voltar para casa sem jogar – tudo por causa da precariedade do estádio que receberia a partida final do Superclássico das Américas, em Resistência, na Argentina. A pequena cidade localizada cerca de 1.000 quilômetros ao norte de Buenos Aires tem um campo acanhado, com capacidade para cerca de 20.000 pessoas, em que uma equipe da quarta divisão costuma atuar. Depois da execução dos hinos nacionais, com os jogadores prontos para iniciar a partida, um problema no sistema de iluminação impediu o começo do jogo. Os times aguardaram pela normalização da situação batendo bola no campo durante cerca de 40 minutos. Voltaram para os vestiários, mas logo foram avisados de que não haveria condições de disputar o jogo decisivo do minitorneio anual que coloca frente a frente os dois arquirrivais sul-americanos. A CBF já descartou a realização de outro encontro, já que não há datas disponíveis no calendário. Ainda não se sabe se o título ficará sem dono neste ano (o Brasil venceu o primeiro jogo por 2 a 1).

O anúncio de que não seria possível realizar a partida aconteceu uma hora depois do horário previsto para seu início (22 horas de Brasília). O Superclássico aconteceria sob circunstâncias que não combinam com o nome da competição nem com a tradição das duas equipes, que somam sete Copas do Mundo conquistadas. O modesto estádio estava com muitos assentos vazios, apesar da oportunidade rara para os moradores de ver jogadores famosos de perto. De acordo com a imprensa local, o problema nos refletores começou quando o ônibus brasileiro bateu na base de uma das torres – o que o motorista nega. Houve pelo menos três apagões entre a chegada do ônibus brasileiro e a entrada dos times para o jogo. Os organizadores do jogo não conseguiram fazer com que os geradores dessem conta de fornecer energia para todos os refletores. Diante da notícia do cancelamento, os atletas brasileiros, que esperavam voltar para casa comemorando um título, acabaram a aventura argentina comendo pizza numa lanchonete instalada no estádio. O retorno para o Brasil estava marcado para o início da madrugada desta quinta. O horário do voo fretado do Brasil, aliás, era um dos obstáculos à realização do jogo depois de um longo atraso. Mesmo que o sistema de iluminação fosse consertado, o Brasil correria o risco de mudar todo o seu planejamento, já que seu avião não poderia pousar no Aeroporto de Guarulhos depois das 4h30.

Política – A falha na iluminação só completou a noite desastrosa, que ainda ganhou uma declaração à altura do fiasco quando o responsável pela equipe nacional, o diretor de seleções Andrés Sanchez, famoso pela sua extrema habilidade em costurar acordos e exercer influência nos bastidores, lustrou a cara de pau e reclamou, em entrevista ao canal pago Sportv: “Tudo o que envolve política no futebol dá problema. O jogo foi trazido para cá claramente por política, e esse é o preço que se paga”. De fato, a realização da partida em Resistência foi uma decisão esdrúxula. Mas o jogo de ida, em Goiânia, foi levado para a capital goiana justamente por causa de uma negociação política entre a CBF e o governo estadual. No dia do jogo, Goiás ainda comemorou a promessa do presidente da CBF, José Maria Marin, de colocar a seleção na cidade durante a disputa da Copa das Confederações, no ano que vem. Além da crítica aos anfitriões do jogo, Andrés chamou atenção também ao reivindicar o título de campeão para a seleção, já que a única partida disputada nesta edição do minitorneio foi vencida pelo Brasil. “A princípio, o Brasil é campeão, mas isso será decidido só na semana que vem, na Comissão Arbitral da Conmebol”, disse o cartola. “Esse regulamento é meio complicado. Pela lógica, somos os campeões, mas temos que aguardar o desejo de todos.”

Mesmo tendo reclamado das circunstâncias sob as quais o minitorneio é disputado, o técnico Mano Menezes lamentou o desfecho, dizendo que gostaria da oportunidade de dar “rodagem” aos jogadores, principalmente os mais jovens, com a atuação fora de casa diante dos argentinos. Ao justificar sua decepção, Mano lembrou do tempo perdido com os preparativos dos atletas para o compromisso. “Você faz toda uma preparação e aí acontece isso. Queríamos jogar. Saímos daqui entristecidos com o futebol.” Também têm motivos de sobra para lamentar o cancelamento atletas como o goleiro Jéfferson, o volante Arouca e o meia Thiago Neves. Os dois últimos teriam uma rara chance de defender a seleção como titulares. Já o primeiro seria o capitão da equipe – e, no caso de conquista do título, teria a chance de levantar a taça, algo que dificilmente conseguirá no futuro (o capitão da seleção principal é o zagueiro Thiago Silva). A seleção brasileira começou o dia caindo para 14º lugar no ranking da Fifa, a pior colocação de sua história. Acabou a quarta-feira com seus atletas desgastados por nada, depois do cancelamento de um jogo que pouco valia, num palco que não merecia recebê-la. A menos de dois anos da Copa do Mundo, um cenário inglório para a equipe mais vitoriosa da história do futebol.

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