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Bate-volta — dia 9: dor de cabeça com hora marcada

Suíça, adversária desta segunda-feira no Catar, leva cronista a 1950, quando Brasil conhece o preciso ‘ferrolho’ que impedirá vitórias até 2022

Por Claudio Henrique @comentaristadofuturo |
Neymar em duelo contra a Suíça na Copa da Rússia, em 2018 -

Neymar em duelo contra a Suíça na Copa da Rússia, em 2018 -

De saída, vamos logo acertar os ponteiros: sou um Viajante do Tempo, vivo num futuro distante, daqui a 72 anos, e me empolguei numa maratona de vir ao passado e voltar a 2022 diariamente, nos intervalos ou nas madrugadas entre os jogos da 22ª Copa do Mundo, que será no Catar. O problema é que meu computador – máquina que vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1950, ainda não conhecem, mas que usaremos muito já a partir dos anos 1980, para mil e uma tarefas, inclusive redigir resenhas – estará dando uma de ‘vintage’ também, com velocidade de Século 20.

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Mesmo assim, tenho conseguido retornar a tempo para os confrontos do sexto Mundial do Século 21, inclusive o que assistirei hoje, ao desembarcar, entre o nosso Escrete e a Suíça, mesmo adversário com que empatamos (2 x 2) ontem, pela segunda rodada da Copa do Mundo no Brasil. E estarei na torcida para que aconteça, finalmente, a primeira vitória sobre os suíços, pois até lá eles continuarão com futebol e sistema de marcação precisos, tal qual os famosos relógios que fabricam em seu país, impedindo triunfos da Seleção Brasileira em mundiais. Voltarei com muita fé de que tudo se resolverá, em campo e na minha ‘máquina de escrever do futuro’, e assim os dois contratempos não passarão – com licença do trocadilho – de problemas ‘pontuais’.

A pior notícia que trago do porvir, sinto informar, é que a decepção com o empate de ontem vai se repetir nesta campanha brasileira de forma muito mais dolorida e traumática, a conferir. (Nota da Redação da Placar em 2022: cronista se refere ao ‘Maracanazo’, derrota do Brasil na final contra o Uruguai, 2 x 1, que aconteceria dentro de 18 dias, em 16 de julho). As próximas duas partidas reunindo os dois países em Copas só acontecerão no próximo século, em 2018 e 2022: na primeira, em mundial realizado na Rússia (hoje União Soviética), empate de 1 x 1 na estreia; e a segunda será essa que assistirei (ainda hoje!) em 2022. E novamente entraremos em campo após uma boa vitória, 2 x 0 em cima da Sérvia (futuro país que se desmembrará da Iugoslávia em 1991), placar menor mas tão animador como os 4 x 0 que sapecamos dias atrás no México.

A goleada explica a repercussão apreensiva da crônica esportiva nos jornais brasileiros de hoje, que vão se referir ao empate como “Jornada Obscura do Onze Nacional” – é a manchete que ‘A Gazeta Esportiva’ estampa, sei de véspera, podem conferir! Mas não se preocupem. Venceremos por 2 x 0 a Iugoslávia, avançando sem sustos para a segunda fase. Registre-se que a classificação brasileira se dará após embates contra três adversários em nosso Grupo, e não essa ‘molezinha’ que – por conta do número desigual de participantes na Copa – fará o Uruguai seguir à frente na competição disputando somente uma partida, no próximo dia 2, quando vencerá a Bolívia, outra única seleção em seu grupo, por 8 x 0. Desse detalhe, ninguém vai lembrar no futuro…

Outra coincidência é que no Catar também disputaremos o segundo jogo da Copa com alterações na equipe, mas por causa de lesões e não por ‘piração’ do treinador – como Vicente Feola, que ontem inventou de sacar Eli e Danilo Alvim (meio-campistas do ‘Expresso da Vitória’ vascaíno), Bigode (do Flamengo) e Jair da Rosa Pinto, para a entrada de Bauer, Ruy, Noronha (todos do São Paulo F.C.) e Alfredo. Dizem que para agradar à torcida paulistana, pois será essa a única partida do Brasil fora do Maracanã. Mas não faz muito sentido, pois Jair, um dos barrados, como se sabe, é do Palmeiras; e Alfredo, que entrou, é mais um do Vasco.

Bem, veio o empate, fora dos planos, e informo que, assim, só Bauer se consolidará como titular. A partir da próxima partida, voltam todos, e estreiam os cariocas Zizinho (Bangu) e o ponta-esquerda Chico (Vasco), para não mais saírem. O preocupante é que, em 2022, um dos que ficarão de fora será justo nosso artilheiro e melhor jogador, tipo uma hipotética contusão hoje do Ademir Menezes – não, pensando bem, a perda será mais grave do que essa. Com todo respeito ao ‘Queixada’…

E chegando a 2022 teremos ainda a tal ‘escrita’, um retrospecto que não espelhará a diferença de qualidade e tradição que os dois países vão amealhar no Futebol. Contabilizando os outros 7 confrontos da Seleção contra a Suíça (todos amistosos) até 2022, serão três (3) vitórias brasileiras, quatro (4) empates e duas derrotas, ambas em Basel (Suíça): a primeira em 1989 (1 X 0 pra eles); a outra em 2013, pelo mesmo placar.

Mas estatísticas adoram ‘mentir’ e nos enganar no Mundo da Bola. Atestem vocês: dos outros 31 países que disputarão a Copa do Catar, por exemplo, apenas um time jamais terá sido derrotado pela Seleção Brasileira: o Senegal, que ainda será uma força da segunda prateleira do esporte. A ressalva aos números: até lá os dois selecionados só se enfrentarão uma única vez, num amistoso em 2019, com empate em 1 x 1.

Outro tabu maquilado pela matemática envolverá mais um país que jamais alcançará destaque nos gramados: a Noruega. Até 2022 serão dois empates e duas derrotas do Brasil (cinco gols marcados e oito sofridos), uma delas valendo pela fase de grupos em uma Copa do Mundo, na França, em 1998 – mas já estaremos classificados para seguir na competição. O futuro confronto no Catar com a Suíça também não eliminará o Brasil em caso de derrota. Mas já terá passado da hora (olha ela aí de novo!) de batermos o preciso mecanismo de marcação da Suíça num jogo de Mundial. E pouco importarão ‘escritas’ ou superstições bobas. Tipo: na segunda derrota que sofreremos para eles, a de 2013, será por conta do ‘gol contra’ de um lateral-direito que, creiam, nove anos depois (pra mim, ainda hoje!) pode entrar de novo em campo, substituindo o lesionado titular da posição. Será então um atleta veterano, já com seus 38 anos: Daniel Alves. “Mêda!”…

PARA VER OS MELHORES MOMENTOS DO JOGO

FICHA TÉCNICA
BRASIL 2 X 2 SUÍÇA

Competição:
Copa do Mundo de 1950, no Brasil – Fase de Grupos – Grupo 1
Data: 28 de junho de 1950 (quarta-feira)
Horário: 15h (local)

Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu), em São Paulo (SP)
Público: 42.032
Árbitro: Ramón Azón Roma (ESP)
Assistentes: Cayetano de Nicola (PAR) e Salvador González Bustamante (CHI)

BRASIL: Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Rui e Noronha; Alfredo II, Maneca; Baltazar, Ademir e Friaça. Técnico: Flávio Costa

SUÍÇA: Stuber; Neury e Bocquet; Lusenti, Egginemann e Quinche; Tamini, Bickel e Friedlander; Bader e Jack Fatton. Técnico: Franco Andreolli (SUI)

Gols: Primeiro Tempo: Alfredo, aos 2’; Fatton, aos 16′; e Baltazar, aos 31′; Segundo Tempo: Fatton, aos 43′

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