A judoca saudita Wojdan Ali Seraj Abdulrahim Shaherkani foi a grande estrela dos tatames de Londres nesta sexta-feira. Derrotada logo na primeira luta por ippon pela porto-riquenha Melissa Mojica chamou a atenção na Arena ExCel, complexo onde se disputa o judô.
Primeira mulher de seu país a participar das Olimpíadas na história, por muito pouco a jovem lutadora de 16 anos não ficou de fora da competição. A Federação Internacional de Judô não queria permitir o uso do véu durante os Jogos Olímpicos. Shaherkani, porém, é muçulmana e obrigada a usá-lo pelas leis da Arábia Saudita.
Apenas nesta terça-feira a FIJ, o Comitê Olímpico Internacional e a Organização dos Jogos Olímpicos chegou a um acordo que permitisse a judoca lutar.
Em combate durou pouco. Conseguiu ficar de pé por apenas um minuto e 22 segundos até cair de costas. Mas a luta pouco importou. Shaherkani já havia entrado para a história ao aparecer no tatame com os cabelos pela véu preto.
Ao deixar a área de competição, poucas foram as palavras ditas e menos ainda as entendidas. Como só fala árabe, foi preciso a ajuda de tradutores para que se entendesse o que Shaherkani disse.
‘Estou muito orgulhosa por representar o meu país. Obrigado a todo mundo’, falou, praticamente balbuciando.
Shaerkani vive em um país considerado muito severo no que se refere às leis islâmicas. O uso do véu em público é obrigatório a todas as mulheres, que podem sofrer fortes punições pelo descumprimento. Para poder praticar o judô, a atleta precisou treinar escondida.